ACTAS  
 
9/4/2010
Jantar-Conferência com a Profª Doutora Elvira Fortunato
 
Dep.Carlos Coelho

Carlos  

Eu sei que há alguns espíritos a menos instruídos não sabem exatamente o que é um transistor de papel e portanto eu vou explicar, um transístor de papel é aquele que tranforma um papel inerte em depositário de uma impressão que fica para sempre enquanto o papel durar num instrumento inteligente que reage a estimulos e que é capaz de interagir através dos seus circuitos, vocês não sabiam mas os nossos crachás da Universidade de Verão já têm um transístor de papel incorporado, é um transístor de papel que está associado a sensores que identificam a inveja, e quando as pessoas estão muito invejosas aparece um sinal verde que traí o nivel de ansiedade daquele que porta o respectivo crachá, o que acontece que nós tivemos no primeiro dia que aqui a oportunidade de festejar o aniversário do Francisco Oliveira e o transístor de papel que está nos vossos crachás identificou grande índices de inveja em dois colegas vossos que não se limitaram a ver o Francisco Oliveira a ser cumprimentado por todos e que decidiram por inveja fazer anos no dia de hoje.

 

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E portanto devemos às descobertas da nossa convidada de hoje a oportunidade de ter identificado com bastante precisão o Tiago Cartaxo e a Sandra Gomes a quem vamos cantar os parabéns a você...

 

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Sofia Manso

Boa noite a todos Exma. Sra. Dra. Elvira Fortunato, Sr. Reitor Carlos Coelho, Sr. e caríssimo Presidente da JSD, Dr. Pedro Rodrigues, é com enorme orgulho que faço este brinde, estamos perante uma das melhores, entre os melhores do mundo, meus senhores, foram 2116 investigadores candidatos 766 da área das ciências da vida, 997 da área da física e das engenharias e 404 das ciências sociais e humanas, porém a vencedora, a merecedora de um prémio e reconhecimento foi a Dr. Elvira Fortunato...

 

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Foi reconhecida com uma bolsa avançada do European Research Council um merecido prémio, parabéns...

 

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Contudo sendo hoje o último jantar e consequentemente o último brinde, permita-me Dra. Elvira Fortunato que partilhe este momento também com os meus companheiros desta caminhada e desta viagem...

 

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Hoje ao olhar para esta sala, relembro a famosa Torre de Babel entendida como uma das construções mais ambiciosas da humanidade, chegamos todos a falar línguas diferentes mas como na ciência todos conseguimos entendermo-nos e a nossa torre ficou ilesa. Hoje sentimos saudades, amanhã sentiremos ainda mais mas terminamos como começamos, afortunatos pela honra de mais uma ilustre personalidade reconhecida internacionalmente, por isso ergamos os nossos copos, à nossa convidada, ao reitor aos conselheiros em especial há queridissima Catarina, ao staff e a todos os alunos da Universidade de Verão, a todos sem excepção votos de um caminho fortunado.

 

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Dep.Carlos Coelho

Sra. Professora Dra. Elvira Fortunato, Srs. Deputados Pedro Rodrigues, Cristóvão Crespo e João Prata, Sr. Director adjunto da Universidade de Verão, Sr. Secretário-geral adjunto do PSD, Srs. Conselheiros, Srs. Avaliadores, minhas Sras. e meus Srs., a Sofia já o disse, estamos afortunados por ter comnosco uma personalidade de excepção, Professora Dra. Elvira Fortunato encerra com chave de ouro o conjunto dos cinco jantares conferência da Universidade de Verão de 2010, desde a Dra. Leonor Beleza até o dia de hoje quisemos trazer ao convívio dos jovens da Universidade de Verão, cinco portugueses que se destacaram nas suas áreas com muita qualidade e com reconhecimento internacional, mostrando que os portuguesses são capazes de fazer do melhor, mostrando que os portugueses têm capacidade de mostrar a sua inteligência e estabelecer parcerias através do seu exemplo e da sua acção levar o nome de Portugal para lá das nossas fronteiras, a Professora Dra. Elvira Fortunato tem como hobbie viajar, em particular descobrir zonas menos conhecidas de Portugal, tem como comida preferida a garoupinha grelhada, o animal preferido é o cão, sugere-nos dois livros o ''Macroscópico'' e ''Miguel Strogoff'' o filme que nos sugere é o ''Codigo Da Vincci'' ,e a qualidade que mais aprecia nos outros é a honestidade e a verticalidade, Professora Dra. Elvira Fortunato eu tenho o privilégio de fazer a primeira pergunta que se seguirão depois da sua primeira resposta, as perguntas dos 10 grupos desta Universidade de Verão e a pergunta face à sua experiência é muito simples, como é que é possível a partir de Portugal desenvolver projectos inovadores com dimensão mundial? Minhas Sras. e meus Srs. connosco esta noite no último jantar conferência da nossa de Universidade de Verão 2010, uma das investigadoras mais reputadas da actualidade, medalhada pelo Presidnete da República no 10 de Junho deste ano, a Sra. Professora Dra. Elvira Fortunato.

 

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Prof.Dra.Elvira Fortunato

Portanto boa noite a todos, antes de mais eu queria ao Dr. Carlos Carvalho o facto de me ter convidado aqui e sinto-me sempre pequenina porque nós gostamos de ser elogiados mas eu acho que faço aquilo que devo fazer e tenho uma vantagem muito grande que se calhar a maioria das pessoas não tem, é que faço aquilo que gosto e ainda por cima me pagam para fazer o que gosto que é acho eu uma coisas espectacular porque nem toda a gente tem capacidade ou tem essa fortuna portanto talvez seja por causa do meu nome, eu, quando me convidam para dar estas palestras menos científicas eu fico sempre um bocadinho mais atrapalhada porque era muito mais fácil para mim chegar aqui hoje e falar de transístor como é que funciona o transístor, como é que se faz um transístor electrónica transparente essas coisas todos, é evidente que não vou falar de nada dessas coisas e então foi me aqui sugerido e no âmbito dos diversos seminários que tenho dado pelo país inteiro e mesmo pelo mundo realmente às vezes é estranho como é que em Portugal se conseguem fazer coisas a nível mundial e até melhores que os americanos ou os japoneses pelo menos na área científica, eu realmente há uma coisa que não tenho e já o tenho dito e acho que nenhum de nós deve ter, portanto eu não tenho preconceitos de superioridade nem de inferioridade e acho que qualquer um de nós, aliás se na área científica um japonês ou americano consegue fazer qualquer coisa, eu no meu laboratório também consigo, portanto nós não temos que ter esse preconceito, por vezes o que eu acho é que os portugueses à partida acham que não conseguem fazer determinadas coisas porque a fasquia é muito alta, mas é isso mesmo que eu tento incutir nos meus alunos e é isso que eu digo portanto a nossa fasquia tem que ser mesmo muito alta, portanto nós temos que nivelar por cima porque se as nossas referências estiverem lá em cima isso faz com que nós cada vez mais tenhamos que trabalhar para lá chegar portanto é essa a minha filosofia e aquilo que eu hoje vos vou falar aqui são umas frases que eu acho que é senso comum mas por vezes portanto é bom relembrar um bocadinho porque é mais uma vez portanto nós não temos e já respondi aqui a umas perguntas para o vosso jornal, nós não temos diamantes, não temos petróleo portanto as nossas riquezas em termos de país são escassas, são limitadas, mas temos os portugueses, e essa é maior riqueza que nós temos portanto não nos podemos esquecer nunca disso, e vocês são o futuro, portanto vocês são jovens portanto vocês são o futuro do nosso país e se vocês fizerem estas coisas e tiverem esta vontade, Não tiverem estes preconceitos, etc portanto nós conseguimos lá chegar, eu consegui e acho o que é que consegui mas já vos disse que não fiz nada de espectacular, trabalho, trabalhamos muito, temos uma excelente equipa e se tivermos conseguirmos reunir todos estes adjectivos que vos vou falar hoje há noite portanto nós conseguimos lá chegar, aliás quero vos também contar uma história, eu esta semana tive em Bruxelas, fui convidada pela empresa Soulvei que já desde há muitos anos portanto é uma empresa belga com muita tradição, é uma indústria da área química e farmacêutica mas com uma tradição científica muito importante e é famosa porque em 1911 reuniu um conjunto de cientistas famosos na altura Einstein, Madame Curie, Rutherford (? 0:32:29.9), uma série dos seus melhores cientistas do mundo e reuniu no seu concelho científico exactamente para lhes perguntar qual o futuro da indústria química, o que é que a Soulvei teria que fazer para poder resistir talvez por causa disso a Soul Vei ainda exista, portanto estamos em 2010 e a Soul Vei é um grande grupo em termos mundiais e este ano convidou 6 cientistas e um deles fui eu, portanto eles conheciam o meu trabalho, não me conheciam a mim pessoalmente, não conheciam exactamente em concreto o que é que nós faziamos cá em Portugal e no fim da minha apresentação os belgas vieram ter comigo e só me perguntaram “doutorou-se em Portugal? Os laboratórios que mostrou são portugueses”, eu disse “são”, portanto doutorei-me em Portugal, formei-me em Portugal e aquilo que eu mostrei foi em Portugal, portanto isto só para vos mostrar que realmente é normal que Portugal em termos tecnológicos ainda não tenha conseguido alcançar o patamar que todos nós desejamos que alcance mas é possível, portanto, e era essa a mensagem, uma mensagem acima de tudo de esperança e que olhem sempre para a frente e nivelem por cima. Portanto eu pertenço à Universidade Nova de Lisboa, eu quero-me comparar com o MIT ou Harvard, exactamente com as melhores, não me quero comparar com as que estão abaixo de mim, portanto essas não me interessam, portanto temos que nivelar sempre por cima e isto é transversal a qualquer área, na minha, na política em todas, e para responder aqui há questão que o Dr. Carlos Coelho me colocou sobre como é que nós podemos, como é que Portugal pode ser competitivo, portanto é facil ser diferente e embora este discurso esteja um bocadinho vocacionado e dirigido mais para a parte científica mas é muito transversal tambem se aplica às outras áreas mas por exemplo na área de investigação científica não vale a pena estar a fazer mais do mesmo, quer dizer se nós queremos ter uma boa publicação ou quisermos ter um trabalho reconhecido não é ''copy and paste”, portanto temos que ser diferentes, não fazer mais do mesmo, portanto é aí que está a nossa inovação, outra coisa extremamente importante é acreditar que é possível, eu costumo dizer no meu laboratório há uma palavra que é proibida, que fica à porta a palavra impossível, portanto essa palavra não existe porque tudo é possível e acima de tudo temos que acreditar que conseguimos, isso é fundamental portanto se nós acreditarmos conseguimos lá chegar, outra coisa extremamente e muito importante e foi também aquilo que eu disse do início temos que gostar daquilo que fazemos, por vezes eu tenho paixão por aquilo que faço e é verdade nós temos que estar apaixonados pelo nosso trabalho, pela nossa família, pelo nosso marido, mãe, filha etc., portanto nós temos que ter paixão em tudo que fazemos não só a nivel familiar mas em termos de trabalho, por que aí as coisas são muitos simples e não dá trabalho nenhum, quer dizer está bem que nós temos tido muito trabalho mas quando fazemos as coisas por paixão, as coisas nem custam, aliás vocês estão aqui também por paixão com uma média de 3 a 4 horas de sono por noite segundo me disseram, mas estão aqui tão sorridentes não estão cansados, portanto estão por paixão, portanto é exactamente o espírito que vocês têm aqui, o espírito que eu estou a ver aqui nesta sala é o espirito que nós temos também no laboratório é exactamente o mesmo espírito portanto não estamos obrigados, outra coisa extremamente importante nós temos que estar motivados e para além disso, para além de nós próprios estarmos motivados nós não trabalhamos sozinhos, trabalhamos em equipa, vocês aqui formam uma equipa e para além de nós os mais dirigentes se quiserem os mais sérios estarem motivados têm que acima de tudo motivar as equipas, portanto vocês tem que activar e motivar? Vocês trabalham, isso é fundamental, portanto é uma família, portanto às vezes as pessoas faltam ao trabalho, família, as coisas às vezes andam,o meu trabalho é uma família nós também comemoramos os anos, comemoramos os sucessos, comemoramos os insucessos no laboratório portanto somos uma família, portanto e damos todos muito bem isso fundamental, a parte que já dizia Einstein, aliás ele é famoso, ele tem várias frases mas há uma que é muito cconhecida que ele costumava dizer ''a palavra trabalho só aparece antes da palavra é a palavra T aparece depois da palavra S de sucesso trabalho só aparece depois da palavra sucesso, portanto o S nunca aparece antes do Y'' portanto, é aqui sim o sucesso só aparece depois do trabalho, portanto ninguém tem sucesso em nada se não tiver trabalho, portanto temos que trabalhar muito isso é fundamental, portanto vocês aqui também trabalharam muito nesta semana, e sonhar aliás já dizia o Rómulo de Carvalho que nós temos que sonhar e não só isto na investigação científica é extremamente importante sonharmos toda a parte da ficção científica, imaginem o que escreveu Julio Verne portanto aquelas coisas fabulosas, submarinos, a viagem há lua, na altura era um sonho portanto não passava de ficção científica, no entanto mais tarde anos mais tarde com o desenvolvimento de toda a tecnologia isso tornou-se a realidade, aliás eu até gosto de fazer um paralelismo com a área em que eu trabalho mais não só na parte de transístores de papel mas tambem na área de electrónica transparente, portanto eu não sei se viram mas em 2004 houve um filme muito famoso que se chamava ''Relatório Minoritário'' em que entrava o Tom Cruise, o realizador desse filme foi o Speilberg e na altura ele chamou 20 investigadores americanos e perguntou-lhes daqui a 50 anos como é que os sistemas de informação, como é que nós comunicamos e realmente ele absorveu várias ideias cada um dos investigadores portanto opinou e fez uma previsão daquilo que seria a forma como a comunicação iria ocorrer e realmente ele baseado naquilo que os investigadores lhe disseram e portanto ele fez o filme do “Relatório Minoritário” em que o Tom Cruise move aqueles ecrãs, portanto os touch screen em superfícies vidradas, portanto isso na altura isso era tudo ficção, hoje em dia é tudo realidade, portanto há protótipos desses mostradores e tudo isso com electrónica transparente, e quando vocês virem num futuro próximo a nova geração de mostradores e hoje em dia nós estamos rodeados de mostradores, sejam das televisões fininhas, sejam dos computadores, telemóveis, etc., cada vez mais nós mostramos a interface hoje em dia entre nós e qualquer equipamento é um mostrador e então o touch screen nós gostamos de mexer com os dedos, portanto vocês vão-se lembrar aqui a uns anos que há ali uma coisinha lá dentro que foram feitas, que foram descobertas ali por uns portugueses ali na Caparica sobre essas coisas, portanto sonhar extremamente importante, rigor como em tudo, mais na parte de investigação científica rigor cientifico é extramamente importante mas rigor é em tudo na vida e aliás é uma das coisas que eu, é uma das minha palavras queridas é exactamente o rigor, temos que ser rigorosos naquilo que fazemos, como eu já mencionei trabalhar em equipa é fundamental portanto não há aqui trabalho individual, portanto nós juntos conseguimos agarrar a lua, sozinhos não saimos da nossa cadeira e é muito importante trabalharem em equipa a todos os niveis portanto o que eu estou aqui a dizer é perfeitamente transversal a todos os níveis, partilhar extremamente importante, exactamente no área do conhecimento, portanto é fundamental nós partilharmos tudo sucesso, insucesso, é extremamente importante, perseverança, sempre nunca desistir, portanto temos que ser teimosos, portanto nunca desistir e se tivermos convicção naquilo que estamos a fazer nós conseguimos lá chegar, portanto hoje o dia correu tão bem a experiência foi um sucesso não só obtivemos o resultado que estávamos à espera não há problema amanhã fazemos outra vez e vamos trabalhar para que consigamos portanto e às vezes nós também somos um bocadinho pessisimistas porque não gostamos de errar, o falhar para os portugueses por vezes não é muito bom, por exemplo os americanos isso eu faço essa comparação não tem problema nenhum, um americano falhar ou uma empresa falhar não há problema nenhum, no outro dia abre outra empressa não há problema nenhu, portanto nós não gostamos de falhar não é problema, falhamos hoje, aprendemos amanhã vamos fazer uma coisa diferente por que já sabemos que não vamos falhar pelo menos com o mesmo erro que tivemos anteriormente humildade também vale a pena, auto confiança e estar muito relacionado com o acreditarmos, portanto temos que ter auto confiança em nós e naquilo que fazemos e muito brio portanto eu sou muito vaidosa do meu trabalho portanto nós temos que ter brio naquilo que fazemo e tentar fazer o melhor que sabemos, portanto isto é muito importante, não o fazer e já esta, não ter brio naquilo que se faz como eu costumo dizer ''fechar a porta'' não é só passar no corredor temos que fechar a porta bem fechada, portanto fazer as coisas bem-feitas, portanto ser vaidosos naquilo que fazemos, muito teimosos no bom sentido por vezes tem que se lutar contra outras opiniões mas se nós tivermos confiança e acreditarmos que aquilo que estamos a fazer está certo, portanto temos que ser teimosos e também arrojados, portanto não ter medo de fazer coisas novas, coisas diferentes isto é extremamente importante, mais a mais na parte de investigação científica isto é quase que se nós não formos arrojados em investigação morremos, portanto temos que ser arrojados e não ter medo fazer coisas diferentes e muito orgulho em ser português…

 

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 … Portanto eu tenho corrido o mundo inteiro a falar sobre estas coisas, somos nesta área na electrónica transparente, electrónica de papel somos líderes mundiais, portanto sem falsas modéstias podemos dizer isso e dá-nos um orgulho imenso chegarmos à Coreia, aos EUA, qualquer país europeu aparecerem lá uns portugueses a falar de coisas que em mais nenhum sítio ou pelo menos, quer dizer agora já começa haver, mas nós fomos os primeiros, ou seja, em termos históricos isto já ninguém nos tira, nós fomos os primeiros a fazer isto, portanto a partir de agora é bom que haja muitos mais mas tirando isso enche-nos de orgulho porque lá está, portanto acho que conseguimos escadinha a escadinha, degrau a degrau conseguir colocar Portugal lá mais em cima e para terminar como para além do jantar que tivemos hoje e que temos que comer e portanto eu acho que a nossa alma também tem que se alimentar, eu portanto gostaria de partilhar convosco este excerto deste poema de Fernando Pessoa que me alimenta a minha alma e acho que também vos alimentará a alma, não tenho mais nada a dizer tenho só um pequeno vídeo que vos queria mostrar, a TV Record veio fazer uma reportagem a Portugal e escolheu o que de mais tecnológico Portugal fazia e uma das coisas que escolheu foi exatamente a área de electrónica transparente e da parte da electrónica de papel e fez uma reportagem que passou no jornal dessa televisão no Brasil mas como é feito por brasileiros que falam aquele português que chega muito ao coração e como são outras pessoas a falar eu acho que está bem-feita a reportagem que para que não é da área, vocês vão ficar agora a saber o que é que é um transístor de papel, o que é que é a electrónica transparente portanto num minuto vão entender isto tudo, eu podia estar aqui a falar uma hora e não vos consegui explicar, portanto se poderem passar o filme…

 

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… E pronto, foi um grande prazer estar aqui, portanto eu há 15 anos que não vinha a Castelo de Vide portanto é uma região fabulosa muito bonita, espero que tenham gostado, no fundo, isto é uma partilha como eu disse no início é um bocado senso comum mas á vezes portanto é bom lembrar as coisas as vezes mais faceis são aquelas que são as mais importantes, quando nós temos coisas aliás basta ver a burocracia quanto mais burocracia, piores são as coisas e era só isto que eu vos queria transmitir, estou agora aberta às questões que me queiram colocar.

 

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Dep.Carlos Coelho
Vamos então à primeira ronda de perguntas, pelo grupo laranja Mateus Leite de Campos e pelo grupo castanho João Serra.
 
Mateus Leite de Campos
Muito boa noite, o grupo laranja gostaria de desejar, apreciou muito a sua apresentação e gostaria de fazer uma pergunta, desde já os maiores cumprimentos, com este vídeo acabou com a nossa pergunta mas pronto, qual é que seria as outras áreas de pesquisa de ponta em que Portugal se afirma mundialmente, não só a sua mas noutras áreas das ciências e tecnologias, obrigado.
 
João Serra

Antes de mais gostaria de agradecer à Dra. Elvira Fortunato pela sua investigação e pelo prémio European Research Council, tinha aqui duas questões para si, considera que a classe política devia ser mais tecnocrata, isto é, constituída por cientistas, engenheiros e outros técnicos, acha que seria enriquecedor? A segunda  gostaria de perguntar se teve falta de meios para investigação, a indústria de semi condutores pelo que sei, é caracterizada por ser um processo de fabrico extremamente caro e complexo, imagino que os equipamentos necessários à sua investigação sejam igualmente caros e complexos, acha que teve todos os meios necessários? Disse-me ainda que não estava habituada a este tipo de conferências, estava habituada a um tipo de conferências mais técnicas por isso eu achei-lhe piada fazer-lhe esta pergunta, até quando acha que a lei de Moore vai-se considerar válida. 

 

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Prof.Dra.Elvira Fortunato

Relativamente à primeira questão que me foi colocada, que outras áreas em Portugal, eu acho que para além da minha área dos materiais semi condutores etc, também têm bastante destaque, há uma área com também, está com bastante destaque e com bastante trabalho a nivel nacional na área das biomédicas, dispositivos médicos portanto a área da ciência da saúde também têm investigação muito boa e consigo, portanto e reconhecido em termos mundiais. Geralmente na área da saúde, os processos são muito mais lentos portanto, entre o descobrir qualquer coisa a nível de investigação e fazer chegar esse resultado, esse produto ao mercado, na área da saúde geralmente isso demora muito mais tempo. Na nossa área, que é uma área mais de engenharia em que trabalhamos com materiais semi condutores portanto, o tipo de testes não temos que estar a testar coisas em pessoas, etc. portanto, talvez seja mais rápido e como fazemos uma investigação muito aplicada ou seja muito dirigida, dá-nos um prazer muito grande fazer coisas, desenvolver coisas que tenham aplicabilidade na sociedade, que possam ser usadas desde um biossensor, desde um transístor para um mostrador, nessa zona aí o tempo entre o que é feito na Universidade e chega a um produto é muito mais curto, daí esta sucesso e na nossa área portanto, nós tivemos um projecto com a Samsung directamente da Coreia, do qual resultou uma patente internacional, portanto o projecto acabou em 2007 e a Samsung jé está com protótipos, com estes mostradores baseados na nossa tecnologia, portanto ora antigamente quando se falava de passar de qualquer coisa da Universidade para a indústria pelo menos 20 anos, ora hoje em dia esse prazos são cada vez muito menores. Na área da saúde ainda continuam a ser um bocadinho grande porque há uma série de teste que têm de ser feitos com as pessoas e etc. isso portanto demora mesmo tempo. A outra questão que me, aliás várias questões numa só exactamente, relativamente à classe política e ao backgroud que cada político deve ter em cada uma das áreas, isso é um bocadinho, isso às vezes não sei será, quer dizer, lá está! Tem que ser um trabalho em equipa, vamos supor, vamos falar agora do Ministério da Ciência que é o meu chefe, faz de conta, talvez que um cientista ajude mas acima de tudo o que nós temos que ter é uma boa gestão científica, há uma coisa que é a política científica e a política científica ou outro tipo de política, não tem que ser forçosamente feita por um cientista, mas depois à toda a parte de gestão científica portanto são coisas diferente, mas acima de tudo o que é importante é ter uma equipa de políticos de várias áreas, uns mais na parte, e estou a falar na parte cientifica mais da área da ciência, porque estão no terreno ou se for na área da saúde, os médicos que estão no terreno e conhecem a realidade mas depois toda a parte de gestão que hoje em dia é muito importante, por vezes a gestão não funciona lá muito bem, acho que são os dois, aliás equipa, têm que ser equipas. Também me perguntou se eu tive falta de meios, geralmente quando pergunta a qualquer pessoa porque é que não conseguiu fazer aquilo a resposta mais fácil costuma ser ''não fiz porque não tenho, não tinha a máquina, não tinha o produto”, portanto isso é a resposta mais fácil, nós temos que inventar os meios, por isso é um bocado a galinha e o ovo, portanto nós quando chove, não chove em equipamentos, não chove em microscópios, não chove em laboratórios, portanto nós temos que lutar e trabalhar pelos meios e cada vez mais, portanto ninguém nos dá nada, portanto nós temos que trabalhar exactamente para garantir e conseguir ter esses meios, como por exemplo eu ganhei esta bolsa e fiquei em primeiro lugar do European Research Council, portanto ninguém, eu concorri, eu trabalhei para ganhar esse projecto, portanto ninguém me deu o projecto, portanto por isso às vezes a forma de falta de meios depende de nós, nós é que temos que fazer para ir buscar as verbas e para ter esses meios. A indústria de semi condutores realmente é cara e precisamos de equipamentos caros e complexos, nós também temos no nosso laboratório duas linhas, linhas que andam sempre em paralelo, portanto eu sou da área da engenharia de materiais nomeadamente materiais semi condutores, nanotecnologias, mas temos duas linhas que nos regem na parte dos materiais e na parte dos processos. Na parte dos materiais tentamos sempre que possivel trabalhar com materiais baratos, materiais não tóxicos, materiais abundantes, daí trabalharmos com os cimentos, portanto nós conseguimos usar os materiais que estão neste copo ou que estão nos cimentos e usar estes materiais como semi condutores, não usamos silício, aliás em toda a nossa electrónica nós não usamos um átomo de silício, usamos materiais extremamente baratos, óxido de zinco que é usado nas pomadas, nos cremes cicatrizantes, nos protectores solares, portanto essa linha é tentar usar materiais que até são materiais convencionais, mas para aplicações não convencionais, a outra parte temos que processar os materiais exactamente como na cozinha, nós temos de cozinhar os alimentos, os processos tecnológicos que nós desenvolvemos são processos amigos do ambiente, fazemos tudo à temperatura ambiente com menos energia e não só o processo é verde como os próprios materiais são verdes, portanto temos essas duas vertentes sempre no nosso target, se conseguirmos juntar isto a indústria semi condutora é muito barata, portanto a indústria semi condutora actual é cara porque utiliza silício mas a indústria semi condutora com estes materiais óxidos alternativos ao silício, ao semi condutor convencional, acaba por ser muito barato, aliás nós fazemos transístores de papel, quanto é que custa um transístor de papel? É o preço do papel, mais a mais a quantidade de material semi condutor que nós usamos é mínima, são camadas de nanómetros, aliás para vocês terem uma ideia das nanotecnologias e da escala nano, nano é 10 a menos 9 do metro, então como é que vocês, 10 a menos 9, como é que eu consigo visualizar, aliás não vejo, é impossível! Mas para terem uma ideia destas escalas, dividam o diâmetro de uma bola de ténis pelo diâmetro da terra e tem 10 a menos 9, portanto estão a ver as escalas, uma bola de ténis e a terra, portanto eu divido uma pela outra e tenho o nanómetro, portanto nós usamos espessuras, portanto as tintas, a quantidade de material que nós usamos é minima porque é informação que me diga é imaterial, vocês quando têm a vossa pen de 16 Gigas cheiinha se a pesarem numa balança, ela pesa exactamente o mesmo se tiver vazia porque a informação é imaterial, estão a ver? Portanto esta nova revolução na área da electrónica acaba por ser muito mais barata porque não utiliza o silício, são mil graus centígrados, é uma indústria extremamente poluente, daí ter sido toda deslocada para a Ásia portanto e a poluição está toda deslocada para esses países, é evidente que depois precisamos de outros equipamentos para caracterizar os materiais e complexos mas portanto não é por falta de meios, aliás quero-vos dar também um exemplo, nós fizemos o ano passado para além de usarmos estes materiais que são muitos baratos e que existem em abundância, nós estamos a trabalhar na área da electrónica impressa, então o que é que fizemos? Compramos uma impressora Canon a jacto de tinta, compramos uma que imprimia CD’s exactamente porque queríamos utilizar vidros, substractos rígidos, custou-nos 50 euros, retiramos as tintas dos tinteiros e colocamos dentro dos tinteiros uma solução de óxido de zinco com água e imprimimos, e sabem o que é que fizemos? Sensores de ADN para a tuberculose em conjunto com o departamento de ciências da vida, eu não posso dizer isto a quem me financiou do DRC senão não me dão o resto dos 2,25 milhões de euros mas isto só para vos mostrar que por vezes não é a falta de meios, isso é o mais fácil, quando um colega meu vem ter ao pé de mim e diz-me assim “ai eu não posso fazer o que tu fazes porque eu não tenho isso”, ora bolas! Quer dizer, nós temos é que ter as coisas e por vezes basta pensar aqui um bocadinho, daí eu falar nas pessoas é a nossa maior riqueza, nós com uma simples impressora a jacto de tinta por 50 euros e temos um artigo publicado na melhor revista da área em termos internacionais que é a “By sciencies and by electronics”? (0:59:17), portanto isso é tudo como eu vos disse, a ciência está volte-face, portanto as coisas evoluíram muito, eu própria às vezes fico admirada com os excelentes resultados que nós conseguimos obter. A lei de Moore é evidente que vai deixar de estar actualizada, vai ficar muito brevemente desactualizada, sim, sim, vamos deixar de trabalhar com electrões e vamos passar a trabalhar com fotões.

 

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Dep.Carlos Coelho
Vamos para o segundo leque de perguntas, grupo encarnado será David Pato Ferreira, e do grupo cinzento a quem agradecemos o convívio simpático durante esta noite na mesa em que nos receberam será Filipe Almeida.
 
David Pato Ferreira

Antes de mais, mais uma vez boa noite a todos, agradecer também por esta fantástica semana que me proporcionaram a mim e aos restantes colegas do grupo encarnado por isso muito obrigado, em relação aquilo que ouvimos hoje à noite, há uns tempos, Sra. Professora lia uma entrevista creio que no Diário de Notícias, aliás a entrevista foi dada no Barbas, no restaurante em Lisboa, e eles a apelidavam-na, os jornalistas apelidavam-na e diziam que a imprensa internacional a apelidava de o “Cristiano Ronaldo da electrónica”, disseram também e permita-me a indiscrição de falar assim, como é “a Elvira mais conhecida no mundo inteiro segundo um estudo do Google”, assim sendo queria fazer uma pergunta muito simples que é, como tem visto nos últimos anos a evolução tecnológica e científica em Portugal e mais propriamente a evolução dos estudantes que saem do ensino superior prontos para estudar ciência em Portugal, muito obrigado.  

 

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Filipa Almeida

Boa noite a todos, como já repararam não sou o Filipe Almeida mas vou tentar fazer melhor, o grupo cinzento quer agradecer a todos aqueles que exemplificaram o que é o conceito clássico de uma Universidade, é um templo de saber e do conhecimento, o nosso muito obrigado. Quanto há nossa distinta convidada, a Professora Elvira, representa aquilo que todos os portugueses deviam ser, alguém que consegue marcar a diferença do mundo, apesar de só sermos um país com 10 milhões de habitantes, nós não somos fisicos mas gostariamos que houvesse a multiplicação exponencial de exemplos como a Professora Elvira, muito obrigado. Quanto há questão agora, nós sabemos que nos países que assumem a liderança mundial no domínio da inovação, existe uma auto-estrada que liga logo os laboratórios aos mercados e é isso criar riqueza, a nossa pergunta é se Portugal nos últimos anos tem sido bem-sucedido ao ligar os cientistas aos empresários e os empresários aos cientistas, muito obrigado.

 

(palmas)

 
Prof.Dra.Elvira Fortunato

Elvira Fortunato - Relativamente à primeira questão só uma pequena correcção, o Barbas não é em Lisboa é na Costa da Caparica, é que tem uma vista lindíssima sobre o Oceano e então em dias de má praia portanto é muito bonito. Eu gostava de ser o Cristiano para ganhar o que ele ganha mas não sou, acho que por vezes há excessos jornalísticos e pronto, relativamente à evolução, a pergunta foi a evolução científica, como é que tem sido, eu agora perdi-me um bocadinho! Não, isso foi a segunda, a primeira questão, quem é que me fez a primeira questão? Repete lá, é que eu aqui pus evolução na ciência, mas depois não… sim, fala alto… Ah! Ok, era isso, exacto, a evolução em Portugal teve nos últimos anos e sei lá desde de 93/94 uma evolução exponencial, e realmente essa evolução até aí Portugal, para já é um pais pequeno, a tradição cientifica não era muito grande, portanto fazia-se alguma investigação cientifica mas não com peso muito grande, ou pelo menos com o peso que todos nós gostaríamos que tivesse, a partir de 93/94, houve uma coisa que foi bem-feita a meu ver a nivel nacional que foi os centros de investigação, as universidades passaram a ser avaliadas por comissões de investigadores internacionais, ou seja, isso foi extremamente importante e eu posso-vos dizer nós, no passado antes dessa altura nós conseguíamos ter projectos europeus, portanto que são projectos muito competitivos e não conseguiamos ter projectos a nível nacional, o que era estranho! Então se nós conseguíamos competir a nível europeu porque é que no nosso país, os nossos projectos não são aprovados? Ora exatamente a partir dessa altura em que passamos a ter uma avaliação em que também a parte de investigação científica começou a ser mais transparente, porque hoje em dia é muito fácil, portanto nós todos sabemos o que fazemos em termos de investigação cientifica portanto isso fez com que sendo transparente à que trabalhar a sério se quisermos lá chegar, portanto isso fez com que houvesse também muito mais competividade entre as próprias pessoa, portanto nós quisemos ser financiados e ter projectos na área científica e portanto nós tivemos que nos esforçar por isso, não basta só ser como à uns anos a esta parte, eu conhecia aquela pessoa, falei com ele e tal eramos poucos e as coisas resolviam-se, hoje em dia isso não é assim, isso foi muito bom portanto que foi introduzido, portanto nós somos avaliados por comissões internacionais ou seja o tal nivelar por cima, e isso escolhem-se os melhores, a partir dessa altura começamos a ter projectos nacionais, portanto só tínhamos europeus passamos a ter projectos nacionais. Relativamente à 2º questão que me foi colocada se realmente nos outros países mais tecnológicos existe a tal auto-estrada entre a universidade e as empresas e em Portugal isso é mais difícil é verdade, portanto nós somos um país pequeno, portanto cada vez mais temos menos indústria, cada vez mais temos menos tecnologia, e portanto à que, eu também costumo dizer nós não podemos ser bons em tudo, temos que arranjar nichos onde somos bons e desenvolver essas áreas, portanto as coisas tambem não podemos ter agora a veleidade de dizer Portugal vai ser bom em todas as áreas, não é, e também não temos que ser só bons para Portugal, quer dizer nós temos que ser bons para já até em termos europeus, portanto aquilo que nós fazemos, portanto não quer dizer que seja para uma indústria nacional mas é para uma indústria europeia então com o mundo global é para uma indústria global, portanto nós temos projectos com a Samsung, temos projectos europeus portanto isso hoje em dia acho que as coisas não são só para Portugal, mas é evidente que talvez devido ao facto que hoje em dia e cada vez há menos indústria a nivel tecnológico de raiz em Portugal que essas auto-estradas estão com menos carros, mas é verdade. 

 

(palmas)

 

 
Dep.Carlos Coelho
Terceiro leque de questões, do grupo roxo o Rui Costa Pinto e do grupo bege a Maria João Transmontano. 
 
Rui Costa Pinto

Boa noite, em representação do grupo roxo gostaria de cumprimentar a mesa e em especial a Dra. Elvira Fortunato que tivemos o prazer de a ouvir, fazendo um paralelismo ao repto que Spielberg lançou aos cientistas americanos gostariamos de convidá-la a imaginar as principais inovações tecnológicas daqui a 50 anos, obrigado.

 

(palmas)

 
Maria João Transmontano

Boa noite a todos, começo por cumprimentar a mesa, especialmente a excelentíssima Dra. Prof. Elvira Fortunato, afirmou no início do jantar conferência que não tem preconceitos de superioridade nem de inferioridade e a pergunta que lhe faço em nome do grupo bege é, ao longo da sua vida profissional já foi alvo de algum tipo de preconceito pelo facto de ser mulher, obrigado.

 

(palmas)

 
Prof.Dra.Elvira Fortunato

Elvira Fortunato - Relativamente à primeira questão que me foi colocada, daqui a 50 anos quais as inovações tecnológicas, sei lá! Podem ser tantas, mas hoje em dia a evolução tecnológica, portanto desenvolve-se a um ritmo alucinante, portanto aquilo que é feito para além de ser feita muita coisa é feita muito depressa, mas sei lá! Vocês daqui a 50 anos creio que já está desactualizado mas posso vos dar um, vocês terem as superfícies todas, deixarem de andar com os computadores, com os discos duros sempre connosco, nós hoje em dia estamos rodeados de wireless, portanto a informação rodeia-nos, portanto sei lá, daqui a 50 anos eu posso estar em qualquer sítio e consultar o meu computador, em qualquer lado, em qualquer sítio porque a informação está lá, por exemplo nós hoje temos aqui um problema que é da energia dos carregadores porque tudo funciona com a energia, já viram o que era nós usarmos os nossos telemóveis, os nossos computadores e poder carregá-los via wireless, sem fios, espectacular! Mas se calhar isto daqui a 50 anos é uma banalidade estão a ver? Vocês poderem estar em vossa casa, receberem o circuito xpto ou o mostrador, telemóvel, imprimi-lo e fazerem-no ergonómicamente ao vosso gosto, sei lá coisas deste tipo, não sei. Relativamente à segunda questão realmente eu não tenho, eu já não sei onde está a pessoa, ah! Eu não tenho realmente desses complexos e não tenho tido, portanto pelo facto de ser mulher não tenho tido na minha vida profissional nada que me tenha limitado pelo facto de ser mulher, não tenho tido, sei que ainda existe em muitas profissões existem esse problema, é um problema actual e não o podemos esconder mas não tenho tido felizmente no meu caso em particular esse tipo de discriminação, exactamente.

 

(palmas)

 
Dep.Carlos Coelho
A Maria João fica a saber que pode ser cientista, e não vai ser discriminada por causa disso, bem o penúltimo leque de pergunta, do grupo amarelo o Bento Aires e do grupo rosa o João Tiago Valente.
 
Bento Aires

Prof. Dra. Elvira Fortunato, como teve a oportunidade de ver o grupo amarelo introduziu a ciência dos materiais no nosso jantar, falamos de polímeros e da sua reciclagem. Hoje com o seu trabalho é possivel acreditar que a problemática dos resíduos, dos equipamentos eléctricos, electrónicos vai acabar muito obrigado por isso. Vai ser possivel que estes milhões de transístores que temos aqui à nossa volta deixem de existir e de estar aqui tão com uma densidade tão grande de equipamentos volumosos a produzir calor e a gastar energia. Recentemente trouxe-nos a seguinte definição de investigação científica, “cabe por isso às empresas encontrar agora as melhores aplicações até porque o transístor é uma peça lego que pode ter aplicabilidades em tudo que é electrónica, particularmente na área da electónica transparente”, a primeira questão era como é que está a conseguir fazer a gestão das empresas e com aproveitamento da sua tecnologia, a segunda questão era que a sua tecnologia usa materiais do nosso dia-a-dia como o papel, portanto parte-se do princípio que está a optimizar o processo de produção e também o desempenho dos transístores, queremos perguntar-lhe interessará às empresas a electrónica do séc. XX? Não lhes interessará manter a revolução do ciclo de vida dos produtos para aumentar a frequência de compra?

 
João Tiago Valente

Boa noite a todos em especial saudar a mesa e a Dra. Elvira Fortunato pela sua presença aqui hoje na Universidade de Verão de 2010, agradecer-lhe que após, como referiu 15 anos ter regressado a Castelo de Vide e para estar aqui no jantar conferência, muito obrigado por isso, em nome do grupo rosa gostaria de lhe perguntar em que sentido podemos falar de uma revolução com os transístores em papel tal como ocorreu com a descoberta dos semi condutores, obrigado.

 
Prof.Dra.Elvira Fortunato

Elvira Fortunato - Relativamente à primeira questão, realmente a reciclagem e os materiais verdes, os processos verdes é como eu já disse, é uma das linhas, uma das preocupações que nós temos no nosso laboratório, pronto e eu hoje não falei mas eu até tenho umas imagens portanto, o mundo hoje em dia nós poluímos, temos muita electrónica, portanto a velocidade com que mudamos de electrodomésticos, equipamento electrónicos é muito grande, aliás só para vocês terem uma ideia a Samsung lança por ano 600 modelos diferentes de telemóveis, porque nós mudamos de telemóvel hoje em dia a uma velocidade alucinante e não há hipótese depois de fazermos a reciclagem desses equipamentos, então existem aquilo a que se chamam as rotas do lixo, do high-tech trash, essas rotas internacionais que estão a ser dirigidas para a África, portanto estes produtos todos estão a ir para a África, China e para a India, exactamente, nós com os transístores de papel electrónico é evidente que não queremos substituir os microprocessadores actuais de silício, não é nada disso, mas podemos contribuir por não só o papel é um material que é reciclável, aliás nós fizemos transístores em papel reciclado, como os próprios materiais que nós usamos tambem são amigos do ambiente, aliás estão incorporados na própria pasta de processo do papel que são óxidos, portanto o próprio papel já tem parte desses óxidos, portanto eu posso fazer transístores em papel, reciclar esse transístores, vou colocá-los na pasta de papel e vou voltar a fazer papel reciclado portanto nós fechamos o ciclo, nós às vezes quando falamos em reciclagem não é só reciclar por reciclar, o ciclo tem que se fechar, porque se não também não vale a pena. Quais as empresas que estão a desenvolver esta área? Nós estamos a trabalhar, vamos iniciar agora um projecto europeu com empresas da área do papel europeias, que estão interessadas na área da electrónica na área do papel e estamos também a iniciar um projecto de investigação científica com uma das maiores produtoras de papel do Brasil que é a Susane, portanto há empresas que estão interessadas e que estão a olhar para isto e que nos contactaram e com as quais nós estamos a trabalhar, relativamente ao interesse com o ciclos… às empressas da área dos semicondutores e o mudar para uma nova tecnologia, é evidente, muito embora esta electrónica transparente e estes transístores que são usados em qualquer mostrador, aliás nós temos pixel e cada pixel num mostrador tem um transístor, o transístor actual que é usado em qualquer telemóvel, no nosso computador, ou no mostrador, esse transístor é feito de silício, é o material que é feito a temperatura elevada, portanto é poluente, o processo de fabrico utiliza gases tóxicos extremamente poluentes, estes nossos com estes óxidos para além de serem materiais alternativos verdes, A tecnologia tambem é verde mas o próprio desempenho eléctrico do transístor é muito superior, só que muito embora com estas vantagens todas, portanto introduzir uma alteração numa linha de fabrico, isso à toda a parte económica, portanto nós quando começaram a surgir os primeiros mostradores fininhos eram a preços proibitivos, portanto nós continuamos a comprar os mostradores com os tubos de raiz catódicos, portanto não comprávamos os fininhos, hoje quem é que vende os outros? Portanto isso é a propria evolução do mercado, portanto daí as empresas estão a trabalhar, portanto isso agora é escoar o que existe e fazer as alterações, portanto mais dia, menos dia isso está cá fora, relativamente à questão do grupo rosa que me perguntou os transístores de papel, e já não me recordo, onde é que está a pessoa do grupo rosa, Ah! Pronto, sei lá daqui a 100 anos eu respondo a essa pergunta! Foi uma revolução, foi mas geralmente estas coisas, quer dizer nós logo se vê, portanto daqui a 100 anos, mas é importante. 

 

(palmas)

 

 
Dep.Carlos Coelho

Sra. Professora nós temos uma tradição na Universidade de Verão que é dar por cortesia a última palavra à nossa convidada, portanto a última pessoa a usar este microfone é a senhora, o que me leva a ter de fazer dois avisos nesta altura, a primeira para dizer-vos que ao contrário do que se sucedeu noutras iniciativas não vamos ter esta noite uma festa de encerramento da Universidade de Verão aqui no hotel, muitos de vós transmitira-nos o desejo de aproveitarem a circunstância de haver pela 2º vez em Castelo de Vide a Festa Medieval, Feira Medieval, portanto é possível que muitos queiram ir ao centro de Castelo de Vide e experimentar um realidade diferente, quem quiser ficar aqui a conversar também não há problema nenhum com isso, quem quiser ir dar um mergulho na piscina fá-lo-á, sei que a grande maioria de vocês desejarão ir mais cedo para a cama, amanhã temos o último sacrifício para vos pedir, sei que chegamos ao fim da semana cansados mas amanhã às 10 da manhã neste espaço, este espaço vai estar dividido entre um parte da sala onde teremos o pequeno-almoço e outra parte onde começaremos a trabalhar na avaliação no Universidade de Verão. Como vos expliquei na sessão de abertura, a sessão de amanhã de manhã é essencial para nós melhorarmos esta iniciativa, queremos contar com a vossa opinião, vocês não vão tirar partido do vosso trabalho, são os vosso colegas de 2011 a beneficiarem disso, mas é para nós muito importante que vocês possam avaliar com rigôr toda a semana que passaram aqui, já o fizeram de forma regular ao longo da semana mas amanhã há uma avaliação global que é muito importante e portanto pedia-vos o último sacrifício de estarem aqui um bocadinho mais cedo para tomar o pequeno-almoço mas às 10 da manhã para podermos iniciar as tarefas de avaliação, e dito isto agradeço à Professora Dra. Elvira Fortunato pelo facto de ter aceite o nosso convite em respostas que já deu às nossas perguntas e as respostas que ainda irá dar às duas ultimas perguntas, que serão do grupo verde a Helena Dias, e do grupo azul a Inês Moreira.

 
Helena Dias

Muito boa noite, foi um privilégio, está a ser um privilégio ter a Prof. Dra. Elvira Fortunato aqui entre nós na 8ª edição da Universidade de Aveiro, ah! da Universidade de Verão, desculpem! Peço desculpa, isto tem uma explicação, eu sou de Aveiro, eu sou de Aveiro e deve ser das horas de cansaço, peço mesmo muita desculpa, pronto ficam a saber que sou de Aveiro para quem não sabe. A minha questão em nome do grupo verde prendesse com uma notícia, aliás com uma entrevista que deu há uns meses na rádio, já não sei precisar em qual peço desculpa, em que falava que há possibilidade de qualquer superfície poder ser semi condutora, por exemplo o exterior de uma fábrica ter particulas ou materiais semi condutores e poder produzir energia fotovoltaica neste caso, espero não estar a cometer nenhuma gaffe muito grave, e gostaria de saber qual é a real possibilidade de vir aconteçer esta transformação e qual é a média de prazo que poderemos ter uma revolução desta uma vez que realmente seria muito bom em termos de uma utilização de energias limpas, muito obrigado e mais uma vez as minhas desculpas.

 

(palmas)

 
Inês Moreira

Boa noite Prof. Dra. Elvira Fortunato, o que lhe pergunto é se é economicamente viável um país como Portugal continuar a investir na investigação científica tendo em conta que as patentes poderão expirar como é o caso da indústria farmaceutica ao fim de 10 anos, obrigado.

 

(palmas )

 
Prof.Dra.Elvira Fortunato

Relativamente à primeira questão vinda de Aveiro, não é possível nós termos superfícies, o nosso sonho é ter um spray, uma tinta, chegar e zzzz, pintar! Ainda não estamos aí mas não estamos muito longe, portanto já imprimimos, portanto é passar das tintas para um spray, e também estamos já, portanto isso sim é qualquer coisa que estamos a trabalhar, portanto o nosso grupo de investigação está a trabalhar nessa área, exactamente nas tintas fotovoltaicas, entretanto já fizemos uma aproximação e temos neste momento até um projecto a decorrer, no âmbito do programa QREN com a empresa Révigres em que nós fizemos os azuleijos solares e também fizemos em conjunto com uma empresa fotovoltaica nacional, portanto nós temos azuleijos e o próprio azuleijo para além de funcionar como revestimento de uma superfície, funciona como célula fotovoltaica, está a gerar energia, isso já é realidade, aliás a Révigres penso que apresentou esses protótipos numa feira algures e tem N encomendas, não tem é forma ainda de os produzir a larga escala mas portanto já é uma realidade e nas tintas estamos quase, relativamente à segunda questão do outro grupo com as patentes, a sobrevivência é como tudo na vida, se realmente o prazo passar para 10 anos, o que temos de fazer é fazer mais invenções e fazer mais patentes, é a única hipótese.

 

(palmas)

 

Eu queria, podem-se sentar, para vos ver melhor, agora é a minha vez portanto não são só vocês que me fazem perguntas, não, eu queria só acabar a minha intervenção com uma pergunta para vocês ficarem, para reflectirem nessa questão que é só a seguinte, se nós há 500 anos fomos tão bons porque é que agora não somos...

 

(palmas)

 

 

 

 

 

10.00 - Avaliação da UNIV 2010
12.00 - Sessão de Encerramento da UNIV
13.00 - Almoço com participantes de anteriores UNIVs