ACTAS  
 
9/2/2010
Ambiente e Energia: O que temos de decidir já !
 
Dep.Carlos Coelho

Muito bom dia, vamos dar início aos nossos trabalhos, com um tema que está desde a primeira edição da Universidade de Verão. Desde 2003 que nós temos sempre um tema dedicado ao ambiente. Queria registar a presença na sala do Sr. Presidente da Câmara Municipal de Castelo de Vide que, tem um cartão verde de acesso permanente às nossas reuniões sempre que desejar e a presença do Presidente do Conselho de Administração do Instituto Sá Carneiro, o Dr. Carlos Carreiras a quem agradeço a presença e não posso deixar de sublinhar, particularmente no momento em que ele na prática está a exercer as funções de Presidente da Câmara Municipal de Cascais, é a primeira vez em 8 anos que um Presidente do Instituto de Sá Carneiro não se limita a estar ou na abertura ou no encerramento, mas vem acompanhar os nossos trabalhos e queria-lhe agradecer por essa manifestação de empenho. O nosso convidado de hoje dispensa apresentações, o Eng. Carlos Pimenta é um homem que tem uma vida nesta área com créditos firmados e foi uma das bandeiras da JSD e do PSD. Foi graças ao Eng.º. Carlos Pimenta que o PSD se abriu às questões do ambiente que eram uma matéria que estava relativamente arredia do seu programa e da sua prática. Fê-lo com muita determinação, com muita coragem, física e política, recordo-me de um congresso nacional da JSD que ele presidiu em que ele estava com segurança de Estado, na altura em que o governo sob o seu impulso, demoliu habitações algumas de luxo em zonas clandestinas, em que pessoas mais ávidas destruiram e ocuparam espaço público para fins privados e algumas bem influentes, algumas até patentes importantes, na defesa do país e o Eng.º. Carlos Pimenta teve que estar protegido com seguranças do Estado porque houve ameaças à sua integridade física É um homem pequeno mas é um grande homem de que nos orgulhamos muito estar na nossa família política e de que eu me orgulho muito de ser um particular amigo. O hobbie do nosso convidado é a música clássica e o Jazz, ele atura, a comida preferida é a italiana, o animal preferido é o cão, o livro que nos sugere é um livro notável que se vocês não conhecem sugiro que leiam que é "As Memórias de Adriano" de Margherite Yourcenar, o filme que sugere é "2001 Odisseia no Espaço" e a qualidade que mais aprecia nos outros, a verdade, a generosidade face ao outro. Posto isto, meus senhores na Universidade de Verão o Eng.º. Carlos Pimenta.

 

(palmas)

 

 
Eng.Carlos Pimenta

Obrigado Carlos...

 

(palmas)

 

Muito bom dia, é um gosto estar aqui e agradeço muito ao Carlos Coelho e ao Carlos Carreiras, Sr. Presidente da Câmara, todos os que me recebem aqui hoje, é sempre um gosto vir aqui, é uma zona muito bonita que eu me lembro em 1986 quando estava no ambiente vir aqui com o então presidente da câmara, o Carolino Tapadejo que já o vi hoje aqui, fazermos o Dia Mundial do Ambiente com a libertação de pedaços de burro e outros animais mortos, para alimentar abutres, além de recuperar aqui todo o movimento de sustentabilidade à volta da recuperação urbana e do património. Antes de entrarmos no tema mais técnico da energia no qual eu vou centrar a minha intervenção e realmente é com muito, muito gosto que aqui estou, porque este trabalho que tem sido feito ao longo dos anos pela JSD, pelo IPSD e nomeadamente sobre a iniciativa do Carlos Coelho há muitos anos, é realmente aquilo que marca a diferença, porque independentemente do tema seja a energia ou ontem outros temas de solidariedade, ou comunicações ou o que seja, eu penso que a coisa mais importante, a coisa mais importante para todos vocês que são agentes em formação mas ao mesmo tempo que têm uma generosidade de dar uma parte do vosso tempos à sociedade, porque senão não estavam aqui, porque significa que seja nas vossas escolas, nos vossos locais de trabalhos, nos vossos locais de residência, vocês têm qualquer empenho fora da vossa vida privada e para o ter e ser útil em relação às pessoas que vos rodeiam e em relação à vossa vida privada, a coisa mais importante é perceber o mundo em que estamos a viver. Quando o meu filho de 14 anos me pergunta se as opções que tomou este ano lá para as disciplinas do ano em que está a estudar, com 14 anos, têm alguma coisa a ver com o emprego ou opções de emprego, eu disse, não te preocupes com isso, porque só uma coisa que eu sei, daqui a 10 anos quando tiveres 24 anos, os materiais, as tecnologias, as empresas, os circuitos económicos que existem não têm nada a ver com os de hoje, há 10 anos não havia a Google, há 20 anos não havia as empresas farmacêuticas como a Genetec ou não havia empresas de semicondutores que hoje são as maiores do mundo. Portanto, o mundo está a mudar e a coisa mais importante de vocês perceberem é que nunca houve na História da humanidade um momento de viragem tão profundo como aquele que estamos a viver. A Europa conheceu o momento de grande viragem quando em 1492 se chegou à América e os portugueses a seguir chegaram à India e mudou tudo, mudou a comida, a batata não existia veio do Peru, o tomate não existia veio do México, o milho não existia, e mudou a ocupação do território em Portugal, porque chegou o milho, o milho tornou-se rentável produzir junto ao litoral, o interior ficou vazio porque a cevada e o centeio não podiam concorrer com a produtividade de um hectare de milho. Em 1492 o mundo deixou de ser o mundo europeu e os mundos asiáticos, e o sul-americano, etc... deixaram de ser fechados em si próprios e houve uma primeira globalização, o mediterrâneo perdeu importância estratégica. Veneza que era toda-poderosa em 1492, 100 anos depois era irrelevante em termos económicos, portanto quem nasceu em 1492 e morreu em 1550, viveu durante a sua época um terramoto, em que mudaram as linhas do comércio (Lisboa tornou-se a cidade mais importante do mundo) mudou a alimentação, mudou a ocupação demográfica dos territórios, mudou completamente o equilíbrio geopolítico de forças e é o que está a acontecer agora, mas agora é mais profundo, porque para além da globalização, vejam, a China que já é a segunda maior economia do mundo, para além da mudança dos centros de poder, pela primeira vez o homem abriu de verdade a caixa de pandora e ao abrir a caixa de pandora, assumiu-se aquilo que era o privilégio divino, que é produzir a vida e produzir a matéria. Nós pela primeira vez, através de ligas e misturas químicas, ou através de cruzamentos entre espécies para produzir o melhoramento genético de plantas ou de animais, pela primeira vez o Homem é capaz de pegar nos elementos mais pequenos, mais constitutivos da matéria física e mais constitutivos do DNA, do genoma e produzir materiais e produzir vida que não é o resultado no caso da vida da evolução Darwiana da sobrevivência dos mais capazes ou de evolução das espécies com a adaptação ao meio em que vivem mas é criada por um código de computador. A primeira bactéria viva artificial foi criada este ano, a capa da Time até era muito engraçada porque era a figura do Miguel Ângelo da Capela Sistina, de Deus com o dedo a apontar para criar a vida para o homem e o homem criou a vida, e criar materiais, a física do estado sólido, a criação dos novos materiais fazem coisas que são inimagináveis, o novo Boeing que acabou de sair, não tem metal, é tudo materiais que não existiam, que são feitos pelo homem, são compósitos, porque é capaz de buscar os átomos e isto tem a ver com tudo, portanto, o que é que eu quero dizer, qual é o mecanismo de optimismo e pessimismo: O de optimismo é como está a ser reinventado, mas totalmente e as empresas podem ser pequenas, os núcleos pode ser um investigador, pode ser o homem que criou a primeira bactéria viva, por exemplo que é um génio da biologia, ganhou a corrida de facto para a descodificação do genoma humano aqui há uns anos concorrendo contra todos os institutos de saúde mundiais, nomeadamente o Nacional Health Institute do Estados Unidos que tinha orçamentos de biliões e ele com o laboratório dele na faculdade com orçamento de milhões, portanto com uma escala mil vezes inferior, chegou mais depressa ao resultado, não tão preciso com alguns métodos de aproximativos, mas chegou mais depressa. Portanto, hoje o poder de uma pessoa com capacidade e criatividade, utilizando a capacidade de absorver informação em tempo real das mais diversas partes do mundo e de fazer redes, networking com pessoas que tenham os mesmos interesses e que tenham os mesmos interesses, permite criar realidades novas que em poucos anos podem-se transformar em realidades geoestratégicas e económicas fundamentais e que não existiam cinco anos, 10 anos antes. A Google não existia há 10 anos, para dar o exemplo, mais concreto de uma coisa que hoje existe por todo o lado e com o qual já quase não podemos viver. Este plano extraordinariamente, aliciante é também cheio de perigos porque ao criar vida artificial, posso criar uma bactéria que nos pode infectar a todos e que nos pode matar a todos como é obvio, e para a qual não há defesas, não foi um resultado de uma evolução, nenhum organismo evoluiu com essa bactéria, com esse microorganismo, aparece de repente e portanto ninguém está preparado para ele, mas além de questões éticas, da clonagem, de criar gémeos verdadeiros, pessoas que morre o cão e criam uma cópia verdadeira do cão anterior que morreu,etc... que dizer para além de questionar o que é isto da humanidade, do homem, da sociedade, ser capaz de criar vida e ser capaz de criar materiais, e para lá de todos os riscos políticos e geoestratégicos de haver um louco qualquer com acesso a uma bomba nuclear ou uma bomba suja, ou a uma biológica e provocar danos irreparáveis, um 9 de Setembro nos Estados Unidos ou o que seja. Nós vivemos debaixo de um outro quadro de referência inescapável, que é o facto de a civilização humana nos últimos 10 mil anos, sobretudo nos últimos 150 anos, pelo uso crescente do território, pelo uso crescente dos recursos terem introduzido no planeta físico no seu estado sólido, no mar e na água e na atmosfera, alterações de tal maneira profundas que os ciclos naturais de recomposição do planeta e de regeneração, deixaram de ser capazes de fazer aquilo que sempre fizeram, que foi reciclar, regenerar para permitir a continuação e evolução da vida e dos ciclos naturais do planeta. E meus amigos, a mudança climática é aquilo que se fala mais mas não é o único problema, mas é o mais importante e neste momento digo-vos já é inescapável, neste momento a par das estratégias que eu durante anos foi a minha vida profissional durante 10 anos de lidar com isto quando estava no lugar que agora o Carlos me sucedeu há uns anos em Bruxelas, no Parlamento, quando era o porta-voz para a mudança climática do parlamento e negociador de Quioto, nessa altura nós ainda tínhamos a ideia que conseguíamos ter uma estratégia para limitar as emissões para impedir os fenómenos ligados à mudança climática, subida dos mares, os fenómenos meteorológicos extremos, os ciclones extremos, as secas extremas, as cheias extremas, etc... Hoje, eu estou pessoalmente convencido que para além de uma estratégia de limitar as emissões para a atmosfera dos gases que alteram o clima, nós vamos ter desde hoje de pensar que vamos viver, toda a nossa vida com um problema de mudança climática crescente, com fenómenos hoje em grande parte imprevisíveis, mas que temos que nos preparar para isso. Isso tem a ver por exemplo aqui com Castelo de Vide, com a protecção civil, vamos ter que nos preparar para ciclos de seca mais extremos, para tempestades mais fortes, para cheias súbitas e a flash flood que pode inundar tudo depois de três anos sem ter chovido coisa nenhuma, podemos ter temperaturas extremas nunca vistas como na Rússia este ano, Moscovo debaixo de fogo e debaixo do nevoeiro como não se conhecia, etc... etc... etc... e isto estamos só no início, portanto, nós vamos ter que meter esta equação na nossa cabeça, que para além do admirável mundo novo, de uma humanidade que é capaz de criar a vida, vida nova, que é capaz de criar materiais novos que fazem coisas fantásticas, que são elásticos, que são coisas da ficção científica, que são coisas dos desenhos animados, para além disso, vamos viver num mundo que não é aquele mundo que a gente conheceu e que não sabemos qual é “and charter the waters", como dizem os ingleses, só sabemos é que temos que prever o imprevisível e é isto que é um grande desafio para as sociedades. Qual é o challenge para um país como Portugal? É que esta pode ser uma oportunidade boa para nós, porque nós como estamos hoje e com o nível de produtividade que temos, de formação, de competitividade, de sociedade, etc... meus amigos não vamos lá, não estamos hoje entre os 25 e os 30 lugares a nível dos países do mundo, há pior, apesar de tudo estamos no, enfim, entre os 25 sobre 200, aproximadamente, não é? Mas não passamos aqui da cepa torta e a passamos a vida a discutir o défice e o mais imposto e o menos imposto e se, o desemprego está a 11% ou a 10,6 e meu amigo, isto é conversa de andar aqui a engonhar, a gente não sai daqui. Só num momento de ruptura como este, se formos capazes de agarrar a possibilidade que o momento de grande mutação tem, como agarrámos no séc. XV e nos primeiros 25 anos do séc. XVI é que nós podemos aproveitar o facto de as cartas serem todas distribuídas no baralho e não saber hoje quem são as tecnologias, as empresas, os países ganhadores daqui a 20 anos, que nós podemos ter estratégias de desenvolvimento. Isto não é impossível, porque se vocês forem ao ranking das Nações Unidas ou do Economist dos países mais desenvolvidos do mundo em termos não apenas do dinheiro no bolso, dinheiro por habitante, mas educação, saúde, direitos das minorias, direitos humanos, participação social, vocês, aquilo que define a capacidade de realização do ser humano, nas suas várias facetas e de respeito pela sua personalidade e pela sua individualidade, encontramos em primeiro lugar uma Finlândia, em segundo lugar uma Dinamarca ou uma Suécia, em terceiro lugar uma Suíça ou uma Áustria e portanto são países mais pequenos, com menos recursos, mais frios na maior parte dos casos e portanto, qual foi a maior aposta que eles fizeram, foi no capital humano, e na capacidade de criatividade e de liberdade de acção do capital humano, são duas coisas fundamentais, ou seja, na formação como esta Universidade de Verão procura fazer, sobretudo para pessoas como vocês que querem ser líderes, que querem ser líderes dos vossos grupos sociais, das vossas comunidades, do vosso país, portanto formação, eu só sei que nada sei e que todos os dias tenho que estudar e todos os dias dedico pelo menos 2 a 3 horas a ler, eu pessoalmente, porque todos os dias percebo que quanto mais ignorante eu sou porque não consigo acompanhar as evoluções, não apenas de informação, mas de reflexão que essa nova informação obriga, e na capacidade de me libertar das teias da burocracia, do peso do Estado, do peso dos grupos dominantes, dos incumbentes, sejam eles grandes empresas, grandes instituições, que impedem que vocês que tenham uma ideia, que tenham uma iniciativa, que tenham capacidade de fazer rede, seja para fazer novas iniciativas na Câmara, na empresa, na escola, onde seja, sejam tolhidos porque a sociedade é contrária à inovação, é contrária à liberdade de acção. Portanto meus amigos, eu posso dizer, que se há um programa político para agora, tem de ser formação, informação, reflexão, ou seja, capital humano. … cada um de vocês… e capacitar, libertar as energias de Portugal, libertar as energias desta sociedade para que vocês, dotados desses meios, sejam capazes de ser mais activos, mais rápidos, mais criativos do que os outros 6,5 milhares de milhões de pessoas que existem no mundo e é isso que fará com que este pequeno grupo de 10 milhões de pessoas possa ter comparativamente uma vida melhor e adaptar-se melhor a um mundo cheio de riscos, mas cheio de oportunidades. E este é o quadro principal de referência, tudo o resto são quadros sectoriais e que merecem uma reflexão sectorial, a política de saúde, a política de energia, que vamos falar agora, a política do que seja, mas o quadro é este, o quadro é que daqui a dez anos nada do que estamos aqui a dizer hoje, é igual, porque mudaram os materiais, mudou a vida, mudaram as empresas, mudaram os poderes, pronto é essa a mensagem fundamental que eu tinha para vos dizer hoje, agora vamos áquilo que preparei, mas para mim esta era a mensagem fundamental.

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O Carlos convidou-me para, falarmos de energia e energia porquê? Porque tem a ver com o ambiente, porque é a maior fonte de degradação do ambiente hoje em dia, por causa das emissões para atmosfera e de outros tipos de poluições, tem a ver com a economia, porque é a maior fonte de despesa pública e privada portuguesa, é o maior item da balança de pagamentos portugueses, todos os anos mandamos para o estrangeiro entre 5 e quase 8,5 mil milhões de euros que saem e não voltam, e é preciso ter a noção disto. Quando a gente está discutir o PEC ou os impostos, estamos a discutir quantos destes 20 euros é que ficam na minha mão e quanto é que vai para o Prof. Teixeira dos Santos, e ele quer mais dinheiro, eu quero dar menos, ele quer dar mais e andamos aqui a discutir se o IVA sobe 1%, se o IRC tem retenções, se há deduções, etc... mas ele com o dinheiro além de pagar os juros da dívida que deve ao estrangeiro, depois paga à estrutura do Estado, etc... etc... e uma parte desse dinheiro até circula dentro de Portugal, o dinheiro da energia, estes 20 euros eu pago aqui ao Xeque Coelho, ali na Arábia Saudita e eles não voltam, e mais, ele não manda o petróleo sem eu lhe pagar primeiro, porque na energia fiado só amanhã. Não há fiado na energia, petróleo, gás, carvão, tudo o que se compra em matérias-primas e energéticas é pago a pronto, é saída de dinheiro para o estrangeiro e não volta. E nós temos um problema, é que estamos a mandar no melhor ano (foi o ano passado) 5 mil milhões de euros de saldo líquido, portanto, já é importações menos exportações, é já o resultado líquido de dinheiro que saiu de Portugal não volta mais e que nos empobreceu a todos e no pior ano que foi há 2 anos, há 3 anos antes da crise mandámos 8,5 mil milhões de euros, e a intervenção começa com esta fotografia, que eu tenho muito orgulho nesta fotografia, porque foi um projecto que foi começado em 1999, com as câmaras municipais do Alto Minho, aliás honra lhes seja feito, foram eles os primeiros que tiveram a iniciativa e vocês estão a ver uma fotografia idílica que é verdadeira, não é uma montagem Photoshop, com os cavalos em liberdade, os garranos lá de cima do Gerês estas torres, estas máquinas, 96% foram feitas em Portugal, em Viana do Castelo, em Sever do Vouga, em Corroios, etc... 96% e estão a produzir 1,5% da electricidade do país, foram 400 milhões de investimento em que o sindicato bancário também é 90% português, a engenharia é toda portuguesa e estão a dar 50 milhões de euros de receita, as câmaras investiram 15% do capital social deste projecto e são 88 baldios e juntas de freguesia que estão a receber alguns milhões de euros ao longo dos últimos anos do aluguer de terras e de comparticipação directa para além dos 2,5% de imposto que vai directamente para as câmaras municipais sobre a produção. Ou seja, 1,5% da electricidade de Portugal, este projecto foi inaugurado em 2008, começou a ser feito em 1999, 2000 na prática e como viram, o que é que eu substituí? Eu substituí gás, carvão pagos com os tais euros que saem, Co2 que sai para atmosfera e que crescentemente tem que pagar, carvão em cinza, em Sines ou aqui em Abrantes, substituí isso tudo pelo quê? Por trabalho, porque isto foi feito em Portugal, isto foi colocado em Portugal, engenharia, know-how, estas máquinas são Rolls Royce, não há melhor no mundo, não há mais moderno, desde o problema do software, uma parte veio da Alemanha, outra parte foi readaptada aqui com umas equipas de software fantásticas portuguesas jovens, os estudos de ambiente foram todos feitos por uma equipa da Universidade. Está aqui uma fotografia que fala pelo título da nossa charla, energia e sustentabilidade, é sustentabilidade ambiental, os lobos temos 3 anos de estudos dos lobos, não morreu lobo nenhum, não houve stress nenhum aos lobos, as crias continuam, estamos a estudar 200 mil euros por ano, há lobos com rádio-tracking, a gente quase que conhece o nome dos 330 lobos que existem em Portugal à volta disso mais ou menos, mais de 300, elas cá estão, o que produzem 1,5% em Portugal. Agora vamos falar um bocadinho mais, mais global e mais estruturado. Porque é que o modelo actual de energia do mundo e em Portugal não serve, e chegou ao fim? Chegou ao fim por vários motivos, em primeiro lugar, porque 1/4 da população mundial consome 3/4 da energia, 1/4 da população mundial não tem acesso a electricidade ainda, que é uma coisa que nós temos dificuldade em perceber que ainda haja 1500 milhões de pessoas que não têm um fio eléctrico em casa, não têm um tubo de gás e não têm uma motoreta ou um automóvel para ir à bomba de gasolina, nós pensamos erradamente que energia é estas três relações contratuais que nós temos: o contador da electricidade, o contador ou bilha do gás e a bomba da gasolina ou do gasóleo, portanto no fundo relacionava-mos com três ou duas grandes entidades que dá 1/4 da população mundial que não se relaciona comercialmente de forma estável com nenhuma entidade, consome madeira, consome dejectos de animais que queima, satisfaz as suas necessidades energéticas de forma primária, descentralizada e muito ineficiente. Em Moçambique (ontem esteve na ordem do dia por causa dos distúrbios) a rede eléctrica não atinge 10% da população de Moçambique, para terem uma ideia de um país que nos é caro e onde temos tantas ligações, por exemplo e vejam as diferenças do consumo médio por habitante no mundo, e vejam uma coisa muito curiosa, os Estados Unidos e a Europa por exemplo, não é? E que tem níveis de vida muito semelhantes em termos de conforto, riqueza por habitante, etc.... vejam que a Europa para a mesma riqueza, consome só metade da energia dos Estados Unidos, mais do que chamar nomes ao Uncle Sam, que continua a ser uma grande fonte de criatividade, o que eu vos quero dizer com este ponto é que isto é insustentável porque os habitantes que hoje consomem pouca energia na India, na China, no Brasil, na Nigéria, vão consumir mais porque também querem ter o conforto que vocês têm e depois que é possível ter o mesmo nível de conforto com níveis de energia completamente diferentes, ou seja, não é em termos de que eles tem uma vocação matemática, não há uma correlação matemática directa proporcional entre Kwts/hora consumidos por ano e nível de conforto ou de riqueza, eu posso ter o mesmo nível de conforto ou de riqueza na Dinamarca, eu estou a produzir a mesma unidade de produto, a mesma camisa, a mesma bica, a mesma deslocação para o trabalho, eu uso uma fracção da energia que uso em Portugal e uma fracção muito maior ainda da energia que usa um habitante dos Estados Unidos, e no entanto ninguém põe em dúvida que a Dinamarca vive bem. Agora eu estava a dizer há bocado, vejam para Portugal o que é que representa nós termos tido ao longo de sempre, quase sempre, tal como estou a inverter há 10 anos, uma atitude descontraída em relação à energia, vejam que importamos entre a 80 a 82% da energia primária que consumimos e vejam as variações no preço, em 2007 o saldo líquido, ou seja a exportação de divisas, importações menos exportações, porque também exportamos alguma energia derivados de petróleo, electricidade, etc... e importamos sobretudo energia primária, foi 6,5 mil milhões de euros, em 2008 como o petróleo chegou aos 150 dólares por barril ainda se lembram, perdemos, mandámos para o estrangeiro 8,3 mil milhões de euros, em 2009 crise financeira mundial, pela primeira vez nos últimos 150 anos houve menos consumo de energia a nível da OCDE no ano de 2009 do que no ano 2008, retraiu-se o consumo, o preço do petróleo caiu, nós também retraímos o consumo, 4,9 mil milhões, agora digo-vos uma coisa, quem é que pode ser governo em Portugal, sendo isto, reparem, a maior fatia da balança de pagamentos do défice externo português? Com variações destas, quer dizer, nós andamos aqui numa guerra para saber se o PEC se se baixa 0,6% ou 0,7% e há um factor que nós não controlamos nada, que é o preço das matérias-primas energéticas, o petróleo, o gás, e o não sei quantos, que de um ano para o outro varia 40% quer dizer, num ano pagamos 4,9 mil milhões de euros, no ano anterior tínhamos pago 8,2, no ano antes tínhamos pago 6,5, estamos a falar de milhares de milhões de euros e depois não há dinheiro para isto e para aquilo e para aqueloutro, não há dinheiro porque nós não controlamos a maior fatia do défice que é esta, portanto obviamente que esta política tem de mudar. Mas a nível mundial o maior problema como eu vos disse é o problema ambiental, eu agora vou-vos dizer uma coisa que se calhar não é muito comum se dizer, se não fosse o problema ambiental, nós Portugal, tínhamos o problema de continuarmos com a mesma política energética por causa da dependência económica do estrangeiro e física, estratégica, mas o mundo não tinha problema, porque há combustíveis fósseis para o séc. XXI, mesmo contando com os chineses e indianos e brasileiros e todos os países que estão a crescer bastante em termos económicos e aumento do consumo, o problema da energia a nível do mundo é em último lugar e fundamentalmente o problema do ambiente, o planeta não aguenta o modelo de queima de recursos fósseis de poluição de emissões para a atmosfera. Se não fosse isso, nós tínhamos uma situação de stress sobre o petróleo nos próximos 30 anos, porque o petróleo que falta descobrir é cada vez mais caro porque está no fundo do mar, porque está no Árctico, porque está em países politicamente complicados, petróleo barato para tirar só há num sítio que é no Iraque, porque teve 10 anos de guerra civil e outro tipo de guerras e não lá está no chão e é fazer o buraco e ele sai, o resto é tudo petróleo caríssimo, por exemplo o petróleo do Brasil, que o Brasil agora transforma-se numa potência petrolífera, o chamado “Pré-Sal”, vocês não fazem a ideia, sabem qual é a profundidade a que está esse petróleo? São 7 Km debaixo do mar! São 2 Km de água e 7 Km para baixo, é muito mais fundo que o golfo do México, imaginem um acidente lá, acabou o Ipanema e acabou aquilo tudo, e além disso é caríssimo, além disso eu posso fazer combustíveis sintéticos porque tenho carvão e quem tem carvão tem tudo, porque do carvão faz-se gás, faz-se petróleo, só que eu para fazer esse carvão, eu tenho mais emissões de CO2, esta linha a tracejado representa as emissões de CO2 normais dos refinados que usamos nos carros, gasolina ou gasóleo, e eu produzo mais emissões de CO2 para fazer estes combustíveis sintéticos do que a consumi-los, e porquê? Isto é uma fotografia, eu fui lá ver e é inacreditável, esta fotografia é no Estado de Alberta no Canadá, 1/4 das reservas de petróleo refinável do mundo estão em dois sítios, é em Alberta no Canadá e na Venezuela, e onde é que elas estão? Não estão debaixo de terra a Km de profundidade que é caro e é perigoso, não, são hidrocarbonetos pesados que estão misturados no chão, na terra, nas areias, nos betumes, só há uma maneira de os extrair, é fazer a barba à terra e estamos a falar, tipo salinas de blocos com hectares, Km quadrados, em que toda a terra é removida, estão a ver o que isto quer dizer em termos de paisagem e em termos ambiental, não fica nada, é rapar tudo e aquela terra, aquelas areias, aqueles betumes misturados, têm que ser refinados, têm que ser separados, extraído o hidrocarboneto à conta de energia, o subproduto são montanhas de enxofre, isto é tirado, eu andei lá de avião, isto é tirado de avião, são montanhas gigantescas com centenas de hectares de base e o consumo de energia para chegar a um barril de petróleo que é possível depois transformar em gasolina, é maior em termos de emissões de CO2 do que depois em emissões de barril de gasolina consumido. É óbvio que isto só paga e só é verdadeiramente rentável, se estivermos como estamos hoje com barris acima de 60, 70 dólares por barril. Portanto meus amigos, duas mensagens aqui, o mundo tem hidrocarbonetos, tem combustíveis fósseis para o séc. XXI, tem carvão, tem gás, tem petróleo fundo, etc... mas há dois problemas, um é que temos que aceitar que é mais caro, como é óbvio, porque são processos industriais, são processos de transformação que não têm nada a ver com abrir um buraco na Arábia Saudita e a própria pressão do gás faz com que o petróleo jorre, ou no Texas há 100 anos, e portanto isso significa que há momentos de tensão, de picos de preço, de alto ou para baixo, para um país como nós que se traduz naquela fotografia que eu disse, de mudar em 3 anos 6,5 - 8,2 - 4,9 e o dinheiro a sair do nosso bolso e a gente não controlar o dinheiro que sai, mas isso digamos que é o nosso problema nacional, mas não é o problema do mundo, porque o dinheiro que sai do bolso de um vai para o bolso de outro e depois com esse dinheiro compra armas e o dinheiro volta a quem comprou o petróleo, etc., reciclam os petrodólares e outras coisas do género. Mas há um problema muito grande, é que o ambiente não aguenta, a atmosfera não aguenta, o nível de emissões de CO2 já hoje é brutal, podemos falar nisso e não aguenta, mas será que nós precisamos desta matriz energética, nós estamos a olhar bem para a energia, não estamos! Nenhum de vocês bebe petróleo, nenhum de vocês respira gás, nenhum de vocês, a não ser que seja maluco se liga à electricidade ali na tomada, portanto vocês não querem saber, não querem saber das fontes primárias de energia nem dos vectores de energia, vocês não respiram hidrogénio que é um vector, vocês não tocam na electricidade que é outro vector, vocês não bebem petróleo que é uma energia primária, não bebem carvão, o que é que vocês precisam? Vocês precisam de luz, vocês precisam de ventilação, vocês precisam de calor, vocês precisam de frio, vocês precisam de água quente, vocês precisam de multimédia, de máquinas, de movimente e por aí fora. Portanto, e vocês podem satisfazer estas necessidades de outra maneira, podem satisfazer através da electricidade, que pode ser produzida de muitas maneiras, vocês podem produzir hidrogénios, pus aqui o hidrogénio, vocês podem queimar o combustível directamente para ter água quente, podem pôr os renováveis aqui, portanto o que vocês têm que se fixar quado se faz a política energética e isto é um erro, isto é um erro quando eu andava no Técnico, eu, a minha especialidade é produção e transporte de electricidade, portanto, alta tensão, essas coisas, chamadas fortes antigas. A gente só pensava, como pensava os engenheiros, é preciso energia faz-se mais uma barragem, mais uma central térmica, mais umas linhas e dá-se a energia, e nunca pensamos como é que essa energia é utilizada e qual é a eficiência na utilização dessa energia, o que eu preciso é de energia útil para me aquecer, para me transportar, para me arrefecer, para a indústria funcionar e energia útil é igual à forma primária de energia que eu uso, o petróleo, o carvão, o gás, vezes a eficiência no processo de transformação dessa energia e eficiência nos equipamentos, nos processos e nos sistemas. Tudo o resto é poluição, é poluição térmica, é poluição sonora, é poluição de CO2, são cinzas de carvão, é poluição e nós nunca pensamos nisto! Por exemplo, esta sala onde estamos aqui, é um bom exemplo de ineficiência energética, eu vou-vos mostrar, olhem aqui, vocês pensem que isto é a central de carvão aqui de Abrantes, mesmo aqui ao lado, que a gente passa para chegar não é? E nós estamos aqui, nós estamos aqui, que licenciou a central de Abrantes fui eu, portanto estou à vontade para falar, até porque a EDP não o conseguia fazer, vim cá eu convencer o presidente da câmara e a população, propus submeter-me assim a um voto de braço no ar, numa grande assembleia popular para meter isso, vocês estão a queimar carvão aqui, vamos tomar 100 toneladas de carvão, pagamos as 100 toneladas de carvão e mais o frete do barco e mais  a descarga em Sines e mais o comboio que vem de Sines até cá, 2/3 daquela energia do carvão, que está dentro da molécula do carvão vai aquecer o Tejo, vai aquecer o ar, vai produzir CO2 e produz cinzas, o que sai daqui é 34% do que entrou aqui, portanto vocês estão a pagar na conta, este hotel ,está a pagar na conta da luz obviamente as 100toneladas, porque a EDP tem que pagar as 100 toneladas, não vai dizer a quem vende o carvão, o Polaco, o Australiano, o Venezuelano, “é pá! eu só pago 34 porque perco 66 a aquecer o Tejo para a malta tomar banho de água mais quente no Tejo e portanto só pago 34”, “não, não, desculpe eu vendo-lhe100, o Sr. paga 100”, e o CO2 que vai para a atmosfera é a queima de 100 toneladas como é óbvio, 2/3 perde-se ali em Abrantes, 2/3, depois perdem mais 10% nas redes, porque as redes têm perdas electromagnéticas, calor, etc... portanto o que chega aqui são 30%, depois temos estas lâmpadas com 80% da energia que estão a utilizar, mais até é calor, luz é só entre 10 a 20%, portanto daí 10 a 20% de 30%, eu estou entre 3 e 6%, caramba, não há uma maneira melhor de a gente se iluminar do que perder 94% do carvão que compramos? Então nós estamos com uma eficiência de 5 a 6% para termos a luz nesta sala? Estamos a deitar fora 94% da conta dos tais 8 mil e 500 mil milhões que pagamos e estamos neste caso da luz e a luz é 1/5 da electricidade que usamos no país, 94% é perdas! estamos é no séc. XXI! Então não temos um sistema para nos iluminarmos melhor? Mais vale uma lâmpada, uma lanterna, do que um ledzito qualquer em que dê ao pedal a carregar ali como aqueles agora que se dão assim à mão não é? Quer-se dizer é mais útil não é? Sempre queimo algumas calorias e fico mais magro, quer-se dizer, por amor de Deus, isto é ridículo! Agora a eficiência onde é que se ganha? Ganha-se em tudo, olha, podem ganhar nos equipamentos, que é substituir estas lâmpadas por leds por exemplo, e já vamos ver um slide sobre os leds, os leds são mais eficientes que as lâmpadas eficientes, aumenta brutalmente, não é 5 vezes como uma lâmpada daquelas eficientes que agora existe, é 7, 8, 10 vezes mais eficiente do que isto, portanto passava logo dos 6% para os vinte e tal %, já ganhava bastante, mas se calhar o maior ganho era no desenho do prédio, porque tinha luz natural e não precisava de ter tanta iluminação porque se faço um prédio que não tenha boa luz natural, uma casa que não tenha boa iluminação, se está mal construída, se não tem sombreamento a sul, ele vai aquecer resultado, temos o ar-condicionado, vocês já viram, vocês perdem 94% da energia para se iluminarem e depois como isto o que está a produzir é calor têm de se ligar o ar-condicionado com a electricidade e também com uma eficiência miserável para evacuar o calor das lâmpadas que eu não preciso que elas produzam calor, a eficiência está abaixo de um, vocês já viram nesta sala o exemplo concreto que eu vos dei e depois dizem que a electricidade está cara, ou que o país perdeu 8,5 mil milhões? Não há, oiça eu, não, tenho que ser mais rápido, mas eu vou-vos contar uma história que é verdadeira, isto não queria é que passasse na televisão, só pelos nomes não é. Eu estava uma vez lá no Parlamento Europeu e telefonei ao chefe do gabinete do Sr. primeiro-ministro na altura que era o Prof. Cavaco Silva e pedi-lhe uma audiência, e ele deu-me uma audiência e eu cheguei lá e vinha assim um bocado a brincar, “é Sr. Prof., então, muito bom dia”, “então o que é que o Pimenta vem cá fazer?” “eu venho dar-lhe os parabéns, porque o Sr. é primeiro-ministro de um país muito rico”, ele percebeu logo que eu estava, entre aspas, a mangar com ele e disse-me logo, “o que é que você quer, ó Pimenta? diga lá ao que é que veio”, eu disse “olhe, é assim, só um país muito rico, não é sobre a energia, é sobre a água, mas isto aplica-se a todos os sistemas, à água, à comida, etc... só um país muito rico é que pode ir buscar água aqui a Castelo de Bode, aqui ao pé, levá-la a 100 Km a Lisboa com energia que é à bomba eléctrica, portanto a gastar energia, a tratá-la quimicamente na Asseiceira, bacteriologicamente em Lisboa, ter uma frota de gente de bata branca nos laboratórios, respeitar 60 parâmetros de qualidade, a água é óptima para beber, da EPAL, e depois fazer o quê? olhe, é assim, na altura era 40% dela perdia-se nos canos, agora está bastante melhor só se perde 25, portanto perde-se logo e depois o resto lavamos ruas, apagamos fogos, regamos jardins, lavamos carros, lavamos barcos com água de beber que veio de Castelo de Bode, foi transportada com energia e que tem 60 parâmetros de qualidade, através de processos químicos e bacteriológicos complexos. Realmente só um país muito rico, um país menos rico utiliza a água do esgoto, do esgoto, sem ser das sanitas, do esgoto chamadas águas cinzentas, dá-lhe um tratamento primário e tem uma rede secundária nomeadamente nos centros urbanos maiores para regar jardins, para lavar ruas, para lavar carros, etc...” Não há, reparem, o problema de ter um país com um sistema destes de energia, ou de água, ou o que é que seja, é que não há dinheiro que pague a ineficiência, se eu tenho um balde roto, a solução não é pôr mais água dentro do balde, é taparem o furo do buraco, porque o balde nunca enche e o que nós temos estado a fazer em Portugal, nos transportes, na energia, na água, etc., é não pensarmos que o balde está roto, mas o balde está roto, porque enquanto nós tivermos taxas de eficiência de utilização da energia, dos recursos naturais da água que são metade dos países do norte da Europa, é óbvio como é que fecha a equação económica, alguém sabe? Eu digo-vos, é pelos salários. Tem que ser pelos salários, porquê? Porquê? Porque é que um português está condenado neste sistema a ganhar muito menos que um Dinamarquês ou com um português que trabalhe na Dinamarca, porquê? É muito simples, as matérias-primas que o que importamos de energia, de carvão, de petróleo, ou de ferro, ou de algodão para fazer esta camisa, o Dinamarquês paga o mesmo que eu, são mercados mundiais, não há desconto para ele do que não há para mim, o preço é o mesmo, o produto da venda, eu tenho de concorrer com ele, eu tenho um desenho espectacular e consigo vender mais caro se não tenho que concorrer, tenho que vender a preços semelhantes, se utiliza as matérias-primas, seja a energia, seja a água, seja o algodão duas vezes melhor do que eu, é obvio que ele pode pagar mais, tem mais dividendos o empresário, tem mais salário o trabalhador, a única forma de eu ser competitivo é ganhar no salário aquilo que perdi na produtividade e na competitividade global do país, e portanto não há solução, a única solução é repensarmos a forma como organizamos a gestão sistémica do país, isto pois são instrumentos de política, é a política fiscal, são normas técnicas, é a formação de arquitectos, de engenheiros, de autarcas, de toda a gente e qual é o papel nobre da política? é fazer que através de instrumentos da política as decisões individuais correspondam às decisões de interesse colectivo. Eu dou-vos um exemplo, PDM´s, planos directores municipais, aqueles que estão em vigor em Portugal, dão como a população um valor que é quase três vezes aquela que a gente tem no país. Eu se estivesse no governo garanto-vos, mas garanto-vos mesmo, porque como parece que é difícil tirar direitos adquiridos de construção de terrenos que foram classificados para urbanismo e passá-los outra vez a terreno agrícola ou terreno florestal, mexia no IMI progressivo, tem licença para construir, não construiu? no ano a seguir dobra, no outro ano dobra, ao final de alguns anos é o proprietário do terreno que me vem pedir para desclassificar o terreno como terreno urbano. Vejam só isto, Lisboa quando eu nasci há 55 anos tinha 800 mil pessoas, hoje tem menos de meio milhão, em compensação a Câmara de Cascais, a Câmara de Sintra, a Câmara de Loures, a Câmara de Amadora absorveram essas pessoas, as ruas em Lisboa estão lá, elas já têm o cano da EPAL, já tem o cano da luz, tem a estação de polícia, tem o hospital de Santa Maria, têm o Técnico, tem a faculdade, tem a escola, o que é que se deve fazer em Sintra, em Cascais, em Loures, na Amadora, em Almada? repetir estas infra-estruturas e depois o movimento pendular, a A5 cheia de carros, o IC19 cheio de carros, a ponte 25 de Abril cheia de carros e levar lá o pão, e ter lá a criança para a escola e levar lá o correio? Portanto, duplicação do investimento em capital fixo, auto-estradas, estradas, canos, fios eléctricos, fios de telefone, cada urbanização nova que se faz, vocês podem fazer hoje eu digo-vos, um condomínio fantástico, com as casas melhores que nem na Dinamarca se fazem casas tão boas, as pessoas tem todos os painéis fotovoltaicos no telhado e virem todas de carro eléctrico para Lisboa, isso continua a ser ambientalmente insustentável, se em Lisboa eu não recuperar o centro histórico e quando digo o centro histórico de Lisboa, digo o centro histórico de Cascais, o centro histórico de Sintra, o centro histórico do Porto, de Vila Nova de Gaia, de qualquer sítio, eu não posso estar a aumentar a mancha urbana porque isso significa o quê? Para a mesma produção nacional, para o mesmo PIB, para a mesma riqueza, eu tenho duas vezes mais casas, duas vezes mais estradas, duas vezes mais movimento pendular, tenho duas gerações de custos induzidos sem aumento de produtividade nem de competitividade. Vocês moram na Dinamarca, querem fazer uma casa nova, e a primeira coisa que a câmara lhe pergunta é se não têm uma casa velha para recuperar. Há 5 anos, são as últimas estatísticas que eu tenho correctas, em Portugal 5% do cimento era para a recuperação de centros de património construído, casas, quando eu digo património é casa normal não é? Centros históricos, património construído, na Dinamarca era 70, porque aquilo que se quer é fazer casa nova, condomínios, expandir a mancha urbana, isto é insustentável, é completamente insustentável, portanto isto tem a ver com a energia, porque a energia não são só os equipamentos, não são só as lâmpadas, são os processos e os sistemas e o sistema de transporte e o sistema urbano é um sistema fundamental porque se vocês olharem para a energia do lado da procura em Portugal, 40% é transportes e 40% é edifícios, portanto não adianta eu apenas fazer uma política virada para a produção de renováveis ou para o consumo específico de electricidade se continuar a não atacar o problema de fundo que é o problema de ocupação do território, em termos de urbanismo e em termos de transportes. Portanto, vocês que são líderes e querem ser líderes nas vossas comunidades têm que olhar para isto de uma forma sistémica, não pode ser apenas de uma forma individual, aqui já vimos isto. Eu vou acelerar, vou só dizer que, porque isto é muito técnico na parte eléctrica, nós temos... em termos de electricidade em Portugal, também dar-vos os números, electricidade em Portugal é 22% da energia final e nós muitas vezes quando falamos de política energética só estamos a falar de electricidade e esquecemos os outros 78%. A electricidade em Portugal até não está mal, globalmente falando, 40% dela até já vem de renováveis, temos uma rede eléctrica boa em termos internacionais, e estamos preparados para fazer uma grande mudança em termos de tecnologias inteligentes se houver , e isso é que será o aspecto nobre da política, já vamos falar atrás. Em termos de CO2 específico, só vos quero mostrar este slide porque mostra o impacto das renováveis, vejam para a produção dos mesmos Kwts/hora de electricidade temos vindo a cair o CO2 por Kwt/hora, resultado da introdução das renováveis, portanto Portugal está neste momento na parte da electricidade e a electricidade é 22% da energia que nós usamos, ok? Portanto, é uma parte pequenina, mas é uma parte importante e é onde se tem havido mais movimento, onde tem havido menos movimento é nos outros 78%, é nas casas, nos edifícios e nos transportes e isso é fundamental. Quando vocês tomam um chá, se vocês tomarem o chá feito, como por exemplo na cidade do Porto, há bares a electricidade comparados com um chá feito por alguém que mete a chaleira no bico do gás, o chá eléctrico tem mais CO2 do que a água das pedras, porque vocês fizeram para produzir aquela electricidade, aquela transformação toda que a gente viu há bocado, queimaram o carvão, ou queimaram o gás, depois transportaram a electricidade e depois fizeram o quê? Água a ferver. 40% da energia em Portugal é para aquecer fluídos, ar, água, a baixa temperatura, e isto é um crime, portanto, quando nós falamos da electricidade e vimos que a electricidade até está a melhorar por causa dos parques eólicos, da hídrica, no futuro o solar também, não podemos ficar satisfeitos porque a electricidade é só 22, pode ser 25, pode ser amanhã 30%, mas falta o resto e o resto é a maioria. O resto é fazer uma casa bem-feita, ou recuperar uma casa, isolá-la, isolar o telhado, metade da energia de uma casa perde-se pelo telhado. Estamos num dia frio, vocês têm a casa aquecida, vamos agora até esquecer como é que a aquecem, espero que não seja com radiadores eléctricos, mas têm a casa aquecida até com bons aquecimentos a gás, não têm o telhado isolado, metade da energia que estão a pagar à Galp está a fugir pelo telhado, é o balde roto, é o balde roto, portanto não vale a pena, vocês têm uma casa, está no verão as temperaturas com as mudanças climáticas cada vez temos verões mais quentes, têm a fachada sul, as janelas viradas a sul, não têm estores exteriores, não têm um toldo para evitar que o sol bata de chapa na parede ou no vidro e depois a seguir vão meter um ar condicionado, não há solução! A solução é pôr um toldo, como é óbvio! É mais barato que o ar condicionado e até se for bem desenhado até é bonito, e as pessoas podem sentar-se cá fora de vez em quando, mas é que muitas vezes, é a questão de saber onde é que vocês têm a cabeça, onde é que eu tenho a cabeça, onde é que os arquitectos têm a cabeça. Na produção de electricidade, eu só vos quero dar uma amostra que apesar de tudo tem havido um movimento positivo, isto é a idade média das centrais de produção eléctricas no mundo, agora vejam, com menos de 5 anos, é gás, ciclo combinado, portanto utilização de calor e electricidade e vento, se virem as centrais mais antigas, o nuclear é o amarelo, isto só porque de vez em quando umas guerras privadas que eu tenho com o nuclear, que de vez em quando vão para a televisão, dizem-me “Ah, o nuclear está em grande expansão no mundo, toda a gente está a fazer nuclear”, é verdade, a china está a fazer nuclear, também está a fazer 1000 megawats de vento por mês... por mês... nós temos 3000 em Portugal, vejam em três meses a China faz tanto, também é um país maior, mas... e os Estados Unidos estão a fazer 900 megawats de vento por mês, isto é a média, a agência internacional de energia das centrais de produção de electricidade, se vocês virem com mais de 40 anos temos carvão e água, com centrais mais antigas, Castelo de Bode e as centrais térmicas mais antigas, depois à medida que nos aproximamos para aqui começa a vir o gás, o gás começa a aparecer, depois, começam a aparecer outras formas de produção de electricidade e agora vamos ver os últimos 10 anos, estão aqui, e os últimos 5 anos e é gás, ciclo combinado e vento, portanto isto são as tendências mundiais este gráfico fala por si e o resto é conversa porque são os dados. Existem, quais são os vectores da política energética? eu dei-vos esta apresentação, primeiro lugar, restruturação dos mercados de electricidade, do gás natural e dos combustíveis, assegurando uma liberalização efectiva e uma regulação independente. o que é que agora, o que é que isto quer dizer? Quer dizer que no fundo a EDP, a Galp, etc... a Iberdrola, não mandam em vocês, que vocês tenham a capacidade da energia de terem o que tem nas telecomunicações, falarem pelo Skype, pela Optimus, pela Vodafone, pela PT, de mandarem SMS, de falarem entre chat, etc... e na energia isso ainda não acontece, na energia ainda há muito a noção e é verdade, de que os poderosos mandam e fazem o mercado e mudam os preços e mudam as condições técnicas de acesso ao desejo deles, e esta revolução que pressupõe um Estado diferente, um Estado mais preocupado em ser accionista das empresas é preocupado de que é um regulador independente dos mercados, porque é que isto é importante? Porque como nós estávamos a dizer há bocado no início da conversa, que estamos num mundo em mutação, um mundo em mutação tal como nas telecomunicações caracteriza-se por aparecer novas funções. Dantes quando vocês faziam a vossa casa, a energia era simples, era a EDP e o gás, mais nada, ía lá um homem instalava aquilo e tal, um electricista. Hoje em dia aqui em Castelo de Vide de certeza que há empresas que chegam ao pé de vocês e diz eu resolvo o problema da casa, da quinta em que uma parte significativa da energia eléctrica e térmica que vocês consomem eu posso resolver localmente, instalando uns painéis solares no telhado, instalando uma bomba de calor como eu tenho em casa que vais buscar ao chão a 5 metros de profundidade não muda de temperatura, está sempre a 15 graus o que significa de Inverno pode ser uma fonte de calor e de Verão pode ser uma fonte de frescura. Eu se fizesse uma casa hoje nova de raiz, eu metia os canos debaixo de terra, uma bombazinha de calor e tinha aquecimento no chão por baixo do piso durante o inverno e tinha fresco a vir do tecto falso durante o Verão, com o calor do chão e com o consumo mínimo de electricidade e isso complementado com os painéis solares de água quente e o consumo de gás e electricidade cai a pique, isto é uma solução local, para isso é preciso que os mercados sejam independentes, para que as empresas que têm soluções novas e criativas, possam ser competitivas. Nós em Portugal ainda temos muito a evoluir nesta frente política que esta sim é uma política pública importante, garantir a liberalização e uma regulação independente e forte. Este é o espírito do direito europeu e da evolução do direito comunitário, que a energia seja um mercado livre, ou seja, na produção das soluções, na sua comercialização, na defesa dos consumidores para que possam escolher as soluções que o seu gosto ou os recursos que têm, onde vivem, sejam mais convenientes para si próprios e que não haja mais situações de monopólio, e que não haja mais situações de poder dos incumbentes, e os incumbentes tal como a PT tentou resistir o máximo que pode à entrada dos outros operadores e tal como, sei lá o operador de telefone móvel não me deixa falar pelo Skype a não ser que eu tenha o Hi-fi aqui nesta sala, ah? e tenho, portanto posso falar pelo Skype, e se for ali para a rua ele já me bloqueia o Skype para eu lhe ter que pagar os minutos se estou a falar pelo telefone portátil, cá está e quando a câmara instalar um Hi-fi, como por exemplo o Funchal já tem na baixa do Funchal, permite uma pessoa que está na baixa do Funchal utiliza o telefone móvel falando pelo Skype ou falando pelo MSN sem pagar nada, pronto, da mesma forma que os incumbentes das telecomunicações tentaram resistir à liberalização e à inovação e ao aparecimento de novas soluções, da mesma maneira na energia temos uma guerra pela frente. Realmente, eu, a seguir a continuidade do programa das energias renováveis na vertente da electricidade e na vertente do calor, eu falo muito do calor porquê? 40% da energia como eu disse é gasta nos edifícios e a maior parte dela é para fazer calor de baixas temperatura, nós tomamos o duche a 35, 36 graus, mais quente começamos a apanhar um escaldão, nós não queremos a casa nem abaixo dos 17 graus nem acima de 24, portanto estamos a aquecer o ar, ora resolver isso com a electricidade é um crime, se eu isolar bem a casa, se eu puser painéis solares de água quente no telhado, que são baratos, fáceis, o meu primeiro projecto de água quente solar, tinha eu 23 anos, era um jovem formado no Técnico, foi encher os telhados de uma oficina do estaleiro naval do Seixal de painéis solares e ainda hoje funcionam, estão há 20, 30 anos, a malta que lá trabalha a tomar duche quente de água solar, são milhões de toneladas  de CO2 que já foram poupadas e na altura devo dizer, que eles deixaram-me fazer isso porque a empresa estava bem financeiramente, não é? Porque o gás era tão barato que os painéis que lá foram colocados, obviamente não resistiu a uma análise de custo de preço. Portanto água quente solar durante os primeiros 15 anos foi mais cara do que a solução do duche a gás, agora não, já estão os painéis amortizados o duche é de borla, o calor é muito importante. Promoção da eficiência energética, eu já vos disse, falei mas eu vou falar de duas coisas que estão aqui que são muito importantes, por exemplo o sistema fiscal, nós estamos numa organização política, o sistema fiscal, por exemplo o IVA, isto é uma história que eu digo há 10 anos, 15, 20 para todos os governos e todos prometem mudar isto e ainda ninguém mudou, vocês estão a pagar hoje por esta electricidade que nós vimos para dar esta luz, aproveita-se 6% da energia que o país está a pagar e vocês estão a pagar ali em Abrantes 6%, se tivéssemos gás com umas lamparinas a gás pagavam 13%, se vocês tivessem uma solução em que partiam estas janelas e abriam muros natural e não sei quê, a obra, os materiais, 21%, esperem, isto está ao contrário, então a solução custa mais dinheiro ao país e que é mais ineficiente paga 6% e a solução melhor paga 21% de IVA? Então eu devia estar a dizer ao consumidor era o contrário, se ele está a aquecer-se e a iluminar-se com a electricidade, 21%! Como é na Dinamarca, se ele está a arranjar uma solução que faz com que consome menos energia para se iluminar para se aquecer, para se arrefecer, 6%! Para incentivar a ele ter boa escolha. A mesma história é com as contas públicas, o Estado, nas suas várias imanações de institutos, agências, exército, saúde, educação, etc., é um grande comprador público, é o maior comprador cá em Portugal, imaginem o que era, eu quando era Secretário de Estado em 1984 tentei a sério pôr as contas públicas como um grande factor de dinamização para criar massa crítica a empresas que oferecessem produtos reciclados, desde a comida ao papel, etc., mas enfim, há-de se ir… Há soluções, eu estou-vos a mostrar esta solução da Expo, por exemplo, Expo 98, estávamos no governo na altura, isto foi bem feito, ainda hoje vivem aqui umas dezenas de milhares de pessoas, o centro Vasco da Gama, o palácio dos congressos, vocês conhecem a zona, agora chama-se Parque das Nações. Não sei se sabem que o consumo de energia por metro quadrado, nestas torres, nestes edifícios que aqui estão à volta do centro comercial Vasco da Gama, no coração da Expo, é metade do metro quadrado de Lisboa e não sabem, as pessoas não passam lá frio, porquê? Porque houve um mínimo de cuidado, os edifícios na frente sul tem sombreamento, há trigeração, é o único sítio em Portugal que há trigeração, sabem o que é trigeração? É queimar o gás e produzir electricidade, aproveitar o calor dos gases de escape e depois para aquecer e distribuição de calor em canos chamados "District heating" e depois como há períodos do ano em que eu preciso de frio e não de calor, quem tem calor tem frio com um chiller, passo o calor a frio, tenho um banho de gelo e distribuo o ar frio em vez de ter um ar-condicionado em cada sala. Portanto, a diferença é só uma, eu quando queimo o gás na Tapada do Outeiro, uma central a gás tem 56% de eficiência, como depois perde 10 nas linhas pois a seguir vou queimar para fazer calor ou frio, na sala concreta eu utilizei no máximo 35 a 40% da energia do gás, se eu fizer esta aqui, utilizo 85%. Uma piscina municipal, uma piscina municipal que não tenha painéis solares e que na produção da sua electricidade não use uma microturbina que quando queima o gás utiliza o calor para aquecer a água e que faça o que é normal que é importar a electricidade da EDP e queimar uma caldeira, o gás só para fazer para a água, estão a ver qual é que é a ineficiência? é que se eu queimar o gás e no mesmo sítio fizer com aquele calor e electricidade, uma cogeração, um micro cogeração eu aproveito 85% do calor que está dentro da molécula do gás, do outro aproveito menos de 50%, como quem paga a conta, paga a energia que usa, pode poupar muito dinheiro. Vou passar à frente, só vos mostro aqui um caso de iluminação, os leds que falamos há bocado, quando eu andava no técnico, em 1979 já havia leds, agora em cada década os leds têm aumentado 10 vezes de eficiência. O led são semicondutores, eu ponho uma diferença de potencial e eles reagem emitindo um fotão, portanto emitindo luz, pronto, não emitem calor, portanto os tais 80% da electricidade que esta lâmpada está a produzir é calor, o led não produz calor, por isso é que hoje em dia se usam, mas isto já existia há 30 anos, isto já existia há 30 anos, só que como a energia era tão... entre aspas barata e não se pensava na poluição, porque é que se havia de mudar? Vocês já pensaram numa coisa, aquela lampadazinha do filamento, ela foi inventada há 100 anos pelo Edison, já tem mais de um século, estamos no séc. XXI e utilizamos uma lâmpada, então há 100 anos como eram as telecomunicações, olha, era com um megafone ou com um pombo-correio, ou então era com aqueles sinais que Napoleão usava, então agora há aí pens e isso, e a lâmpada continua a ser a mesma! É que não se pensou durante estes 100 anos pensou-se que energia era ilimitada, era barata e não tinha consequências, e portanto fomos utilizá-la mal. Não vamos investir nem em inteligência nem em novas soluções, mas no entanto há quem esteja a investir novas soluções, por exemplo este prédio, tenho muito orgulho, por não ter nada a ver com ele, eu não sou sócio do Belmiro nem trabalho para a Sonae, mas, mas é um prédio que não é apenas Gold na energia, mas é Gold em tudo, na água, nos recursos, em tudo, o projecto é 100% de uma equipa jovem de gente um pouco mais velha que vocês, alguns da vossa idade, da Universidade do Porto, o Ricardo Sá da “Edifícios Saudáveis”, passo a publicidade, é uma jovem equipa, há know-how em Portugal, aliás se há uma coisa fantástica em Portugal hoje e foi a grande revolução é que nós hoje temos gente fantástica em todas as áreas do conhecimento e essa é a grande revolução, a política é a desgraça que se sabe, a governação e eficiência pública é a desgraça que se sabe, mas no entanto há uma diferença, nós temos hoje recursos humanos. O meu irmão é professor no Técnico, numa matéria esotérica, física de partículas de alta energia, aquela história do CERN e da astronomia, portanto é uma coisa que não tem uma aplicação prática no quotidiano e que é só matemáticas complicadíssimas. Na tese de doutoramento dele percebi o nome Mário Pimenta, e também sou engenheiro! Agora ele todos os anos tem 8 a 9 jovens no Técnico que tiram o doutoramento com ele e que estão colocados nas experiências universitárias de ponta da Agência Espacial Europeia, da NASA, do CERN, etc... portanto os nossos recursos humanos hoje existem e são bons, esse talvez seja o grande legado do 25 de Abril para além da democracia, porque quando eu andava no liceu havia um liceu no distrito de Setúbal que tinha meio milhão de pessoas e eram 7 turmas do 7º ano que é o 12º de agora, e esse é o grande legado, portanto agora nós temos a massa crítica para a revolução, pois é por isso é que eu sou no fim de tudo no fim de tudo apesar de tudo optimista, porque como temos um mundo a reconstruir com todos as redes e sistemas de poder e de economia, estão todos a mudar, nós temos a massa crítica de pessoas nos 10 milhões, agora há que libertar as energias e organizarmo-nos melhor. Só duas ou três coisas, para vos dar algum optimismo também na energia, o custo das renováveis, estão sempre a dizer as renováveis são caras, o manifesto, está a cair e está a cair, muito, muito, muito, muito, quando eu instalei o primeiro projecto fotovoltaico em minha casa paguei 4 mil euros por cada Kwt que instalei, ok? Neste momento compro a 1,2; a 1200 euros, portanto em 3 anos, 4 anos, portanto o custo em todas as tecnologias, todas as tecnologias, nós temos hoje um parque grande de renováveis instalados em Portugal, nos últimos 4 anos criámos 5 mil postos de trabalho, eu sei do que falo, porque estive envolvido nos projectos, 5 mil postos de trabalho e este ano exportámos quase 300 milhões de euros de equipamentos, de equipamentos. Nós falamos da Autoeuropa, nós temos hoje uma Autoeuropa do vento e não é uma empresa, são muitas empresas e não é um local, não é Viana do Castelo, são muitos locais e por exemplo, sabem uma coisa para as senhoras que estão aqui nesta sala, 40% do pessoal que está a trabalhar nas fábricas lá de cima, são mulheres que vieram da indústria têxtil e estão a trabalhar desde a engenheira directora da fábrica até à pessoa que faz o aparelho, controlo ou robot de polimento da ponta da pá, 40% são mulheres e agora para os homens, sabem porque é que são mulheres quando na Alemanha são menos de 10%? Menos absentismo, menos alcoolismo, menos drogas, maior capacidade, os alemães nunca tinham percebido o que era isto, tiveram que reformular o projecto das áreas sociais, das casas de banho, etc., etc., porque não estavam à espera de tantas mulheres e vindas da indústria têxtil em grande parte, portanto isto é uma história de sucesso. A rede do futuro, a rede do futuro é esta meus amigos, a grande revolução da energia é igual à das telecomunicações. Eu quando cresci, a minha relação por exemplo com a comunicação era uma relação passiva e de pouca escolha. Havia um canal a preto e branco, eu lembro-me de o meu pai comprar a primeira televisão de lá de casa a preto e branco, RTP 1, portanto eu estava sentado e havia umas séries que a gente gostava de ver da BBC e o fugitivo e umas coisas dessas, e pronto, depois veio a liberalização e passamos já nos anos 80 com a SIC, depois a TVI e já tínhamos 4 canais para escolher, portanto eu passei a ter escolha, mas continuava passivo, qualquer um de vocês, ah não! Vocês já fazem isto tudo, vocês são consumidores de informação porque ouvem notícias, vão à internet, recebem emails, portanto consomem, vocês são produtores de informação, mandam SMS, mandam twiters, mandam emails, vocês armazenam informação, usam discos, pens, nos telefones, guardam fotografias, produzem vídeo, vocês de repente passaram a ser cada um de vocês uma RTP, produz imagem, produz som, produz texto, guarda imagem, altera imagem, combina imagem, isto foi uma enorme libertação e vejam mesmo politicamente o que tem acontecido no Irão quando houve as manifestações do ano passado, etc., de libertação, a energia foge pelo mesmo caminho. Eu em minha casa produzo mais electricidade do que aquela que consumo, e no fim..., com painéis fotovoltaicos, produzo mais calor do que aquele que consumo, já tenho um problema de dissipação no Verão, agora assim que tiver o primeiro carro eléctrico comercializado, eu vou comprar o primeiro carro eléctrico e mudar o carro antigo que lá temos e vou passar o carro a uma bateria sobre rodas, vai-me permitir amanhã inclusive ser trader de electricidade, trader! Que é recarregá-lo durante a noite às horas em que a electricidade é barata, de super vazio ou carregá-lo durante o dia no meu fotovoltaico, ou na minha microventoinha que também lá quero lá meter uma, a minha mulher diz que aquilo não é uma casa, é um laboratório e então sobretudo este ano tive que lhe parti a parede do escritório para meter uma parede de tronco que é uma parede que absorve o calor de inverno e liberta à noite, isso é que ela gostou menos, quando teve a parede virada a sul transformada num enorme buraco, e os homens a meterem argamassa e depois a pintarem aquilo de preto, mas é de uma tecnologia sem electrónica nenhuma mas funciona, mas e portanto vejam o que é isto de mudança, vocês em vez de terem uma relação passiva com a EDP que vos manda uma factura que vocês têm que pagar, eu todos os meses emito uma factura e tenho o prazer sádico de 8 meses por ano a minha factura é maior do que aquela que eles mandam a mim, portanto eu mando-lhes uma factura e eles mandam-me uma factura e a minha é maior, no inverno eu estou por cima, portanto, além disso eu armazenando a electricidade localmente, por exemplo num carro, se às 5 da tarde há um consumo muito grande no país eu posso vender a electricidade que tenho armazenada no carro, desde que o carro esteja ligado e vendo-a mais caro do que a produzi ou comprei, isto é uma revolução, as redes eléctricas vão caminhar para redes como as redes de comunicação e vão permitir por exemplo, um de vocês que é, você que é perito em informática ter um computador, que deixa de ser o contador que marca o consumo da electricidade e que me permite estar aqui e eu estou a falar-lhe de um projecto de 5 jovens de Coimbra e pelo telemóvel eu digo, “olha quero a casa a 24 graus”, tac, tac, tac, eu chego a casa e a casa está a 24 graus, por acaso se telefonar a alguém carrego no botão! Para mim isso só é um software feito por uma empresa portuguesa porque o computador passou a ser tal como o router o interface de comunicação, eu vou desligar! Isto é a rede do futuro, a rede do passado é esta rede centralizada, a rede do futuro é esta rede em que cada um, cada centro armazena, etc., e agora para terminar os últimos dois slides que é o seguinte, quero-vos mostrar uma coisa só, quero-vos mostrar duas coisas (e termino Carlos), que é quem é que está no mundo a investir neste tipo de redes? Em primeiro lugar a China, a China, a China que o ano passado investiu 7 mil milhões em redes inteligentes, em segundo lugar os Estados Unidos, em terceiro o Japão e em quarto a Coreia, a Europa aparece muito atrás e são as redes inteligentes que vão permitir toda esta dinâmica, e queria-vos mostrar também uma outra coisa, este sistema com renováveis, com redes inteligentes, com toda esta inteligência distribuída também permite uma coisa, é a resiliência dos sistemas. Olhem isto é o ano passado, a China investiu 7,3 mil milhões de euros em redes inteligentes, mudando as redes eléctricas para fazer como as redes telecomunicações com capacidade de interacção de receber cargas dispersas de actuar, a seguir depois os Estados Unidos, Japão e Coreia do Sul, e só depois vem a Europa, bom, adiante. Temos muitas vezes uma coisa que eu valorizo, se o mundo está em mudança climática, nós temos de ter cada vez mais importância à resiliência dos sistemas. O que é que acontece se houver um grande acidente? Nós temos acidentes, em Chernobil, o Golfo do México, uma plataforma no Mar do Norte, a Guerra do Iraque, um grande acidente que houve no Japão, as renováveis também têm acidentes, têm... também já no ano passado cairam uma ou duas pás em Portugal, não morreu ninguém mas podia ter morrido uma pessoa, mas o problema ficava ali e era localizado, portanto nós temos que olhar também para a resiliência, para a capacidade de adaptação à  mudança e o que é que acontece se houver uma catástrofe, qual é o impacto que tem a nível do nosso sistema. Desculpem o tempo a mais que vos levei....

 

(palmas)

 

 
Duarte Marques

Bom dia a todos, eu vou já passar para… eu depois passo já para aí... Contagiados por esta energia, vamos começar agora a fase das perguntas dos grupos, o primeiro grupo a fazer a pergunta é o grupo cinzento, tem a palavra o Arnaldo Trindade.

 
Arnaldo Trindade

Antes de mais quero desejar os bons dias a todos os presentes aqui na sala, queria saudar em especial o Sr. Eng.º. Carlos Pimenta e agradecer-lhe pelas informações aqui disponibilizadas hoje de uma forma tão entusiasta e tão esclarecedora como foi. Passando há questão, fiquei um pouco relutante, quando falou aí... fazer esta questão quando disse que estava a pensar adquirir um novo carro, um novo carro eléctrico, mas queria-lhe perguntar, não acha que estas medidas governamentais sobre a adopção e de incentivos à aquisição de veículos híbridos, mais recentemente, protagonizada por postos de carregamentos de baterias e de estudos de automóveis e de incentivos ao abate, se não passam mais do que medidas populistas e eleitoralistas do que realmente combater os problemas da sua raiz?

 

 
Eng.Carlos Pimenta

Vamos lá ver... Eu não tenho dúvidas, que a mobilidade eléctrica e a mobilidade talvez hidrogénio no futuro e carros híbridos pelo meio, são uma grande vector de mudança, não tenho dúvidas disso, portanto globalmente é positivo nem que seja pelo efeito de chamar a atenção dos consumidores, é positivo, globalmente tudo aquilo que se diga que vai nesse sentido porque dá ao país um ambiente de modernização na adopção de novos paradigmas. Agora, eu podia estar aqui 5 minutos para explicar quais são as diferenças na minha opinião na introdução da política nova de mobilidade e aquela que foi estabelecida. Em primeiro lugar, falo tão à vontade porque sempre fui crítico das políticas de mobilidade adoptadas em Portugal, quer pelos governos do PS quer pelos governos do PSD. É fantástico chegar a Castelo de Vide com 3 faixas de rodagem a maior parte do caminho, desde que saí de Alcabideche como saí hoje de manhã, isto não tem qualquer sentido em termos de eficiência económica, na maior parte do caminho, nunca na vida estas infra-estruturas em grande parte se vão pagar. Portanto, a dívida que está acumulada para as gerações futuras no modelo de mobilidade automóvel, desprezando o ferroviáreo, desprezando o interface entre sistemas, etc., é uma dívida tal maneira grande que é, está para cima de 20 mil milhões de euros, que nós deixamos ao meu filho, ao seu filho, à geração futura, portanto, e este problema meu amigo não começou com o PS, o PS a única coisa que fez foi carregar no acelerador de uma direcção que já vinha errada, eu estou tão há vontade porque dizia-o quendo era deputado do PSD e dizia-o dentro do PSD. O PS o que fez foi amplificar isso há potência 5ª e juntando em cima o problema das SCUTS que é dar a ideia de que se pode ter o bolo e comê-lo, como os ingleses diziam "you can not have the cake and eat it" portanto o PS em cima disso criou a ilusão da fartura. Agora, há que reescrever a política da mobilidade em Portugal e o reescrever a política da mobilidade em Portugal começa por uma análise do sistema. Há que fazer sistemas integrados e intermunicipais, há que apostar nas restrições ao movimento pendular de veículos na entrada das grandes cidades, seja com impostos de entrada em Lisboa e no Porto, seja com etc., por exemplo o efeito do metro do Porto, para além das confusões todas que existiram durante a sua construção, é um efeito extremamente positivo na mudança da mobilidade do grande Porto, mas extremamente positivo, isso reduz realmente o consumo de energia, melhora o conforto das pessoas e diminui o tráfego, o efeito do comboio na ponte 25 de Abril foi um efeito extremamente positivo, portanto, eu responder-lhe só directamente dizer-lhe assim, é errado pôr postos de carregamento de carros eléctricos? Não, é bom! É errado ter uma política agora de promoção da ideia da mobilidade eléctrica pública privada, etc? É positivo, no entanto estamos a falar de uma coisa que é positiva porque é portadora de futuro, porque permite soluções de futuro, mas que apesar de tudo é apenas a ponta do iceberg da política da mobilidade, é mais importante por exemplo, o meu amigo chega a Lisboa ao aeroporto no centro de Lisboa e nem o metropolitano lá chega quanto mais a carga do comboio, chega ao porto de Lisboa no centro de Lisboa e veja o que é tirar as mercadorias de lá, você tem os silos de cereais na Trafaria e 90% do consumo dos cereais a norte do Tejo e tira-os de lá de camião na ponte 25 de Abril, lá na ponte de Vila Franca, e isto não tem sentido, são erros com 25 anos porquê? Porque cada um resolveu o seu problema, o dos silos para meter lá a Trafaria, o do aeroporto nunca quis saber das infra-estrutura de ligação ao resto da cidade, o do metropolitano não sei onde tinha a cabeça, etc..É conhecido o que foi a minha oposição à ponte Vasco da Gama, que mantenho, porque o que se devia ter feito era uma ponte rodoferroviária, e hoje tínhamos o comboio de alta velocidade ou de baixa velocidade, mas sobretudo de mercadorias a passar da margem sul. Desde o Fontes Pereira de Melo que está esse assunto por resolver, que é a ligação das duas margens do Tejo para mercadorias, desde o Fontes Pereira de Melo. Portanto, a minha resposta é, é positivo haver tudo isto, porque tenho um amigo meu que anda de moto eléctrica, e como agora há um incentivo que até ao fim do ano não se paga electricidade no posto de carregamento, ele então está na maior, ele mora em Sintra vem de moto até Lisboa, a moto tem uma autonomia de 80, 90 Km portanto de Sintra a Lisboa são 30 Km, portanto dá as suas voltas, vai ao Marquês de Pombal, mete no carregamento, volta a encher a bateria e depois volta para casa, agora anda de borla, não paga nada! Esse então anda feliz mas isso obviamente é como eu digo, é positivo mas é a ponta do iceberg, é preciso mobilidade a sério, e a mobilidade a sério são  interfaces, são fluxos que passam de passageiros e de mercadorias com conforto e com baixo consumo de energia. O nosso parâmetro deve ser, no fim do dia para transportar um passageiro de 1 Km ou uma tonelada de mercadoria de 1 Km em percurso urbano, interurbano ou de longa distância, quanto tempo é que o dito passageiro ou a dita tonelada leva de ir do ponto A ao ponto B e quanta energia é que levou para ir do ponto A para o ponto B, é isto que mede a eficiência do país, se eu conseguir desenhar um sistema que me transporte as pessoas e as mercadorias de A a B com conforto, segurança em pouco tempo e com pouca energia, eu aí ganhei na competitividade e ganhei no combustível nos acidentes e no tempo que cada um de nós ousa, portanto é este o foco principal que nós temos que atacar na política da mobilidade.

 
Duarte Marques

Muito obrigado, Inês Marinho Baptista do grupo roxo.

 
Inês Marinho Baptista

Bom dia, em nome do grupo roxo agradecemos a sua presença bem como os bem sábios ensinamentos que nos trouxe, deixe-me dize-lo também que é sempre uma honra tê-lo por cá mais uma vez presente na UV. Num mundo globalizado e em constante mutação, os esclarecimentos sobre políticas de ambiente e energia são cada vez mais imperativos, nós os portugueses estamos muito habituados a que todos resolvam os problemas por nós, mas os outros nem sempre percebem como nós estamos, veja-se a outra cimeira, a última cimeira dos mais fortes de Copenhaga, resultado zero, nós portugueses pensamos ser pequeninos e estar na cauda da Europa, sempre em lamentos, mas ao mesmo tempo dizemos que queremos mudar e precisamos de o fazer. Permita-nos duas perguntas, Primeiro, acha que a redução de nossa dependência externa passa pela eficácia da utilização do nosso petróleo azul, o mar?

 
Eng.Carlos Pimenta
Desculpe? Não percebi... se passa pelo petróleo no mar.....
 
Inês Marinho Baptista

Passa pela exploração de energia renovável, energia das marés?

 
Eng.Carlos Pimenta
Ah, as ondas...
 
Inês Marinho Baptista
Sim, as ondas... Segundo publicamente afirmou que a energia nuclear não cabia em Portugal, ainda mantém essa opinião? Porquê? Obrigado.
 
Eng.Carlos Pimenta

Muito obrigado pelas palavras e pelas perguntas, primeira, a das marés em Portugal não temos chance de a utilizar, a diferença entre a maré alta e a maré baixa não é suficiente. Por exemplo no Norte da Europa, na França, na Holanda, etc., há uma diferença maior. As nossa marés não são suficientemente fortes para que eu possa vedar o estuário do Tejo a fazer uma barreira à entrada, portanto não se justifica, a obra de construção civil era inestética e muito cara. Já quanto às energias das ondas, as energias das ondas será com certeza no futuro uma energia excelente, porque tem uma grande vantagem em relação ao vento, é que é previsível, não como hoje o vento é, eu no meu telemóvel sei qual é a produção que cada máquina amanhã, depois de amanhã, no dia a seguir, com uma margem de erro de 30%, um programa fantástico feito por portuguese, 600 mil euros, 5 Universidades, tudo jovens, 2 doutoramentos e já há um spin-off a vender isso para o estrangeiro, por exemplo são muitos os spin-off’s que os renováveis dão. A das marés ainda é mais fácil, eu com 5 dias de antecedência sei qual é a energia que posso produzir ali na Ericeira, porque a maior parte das ondas de grande energia formam-se muito longe, mais perto dos Estados Unidos e do Canadá do que Portugal, e portanto, com os satélites, as bóias, o sistema meteorológico mundial, o centro de energia das ondas do Prof. Sarmento do Técnico, consegue saber na costa oeste portuguesa qual é a energia que vai estar disponível, não é amanha nem depois de amanhã, é daqui a 4 dias. Portanto é muito boa, no entanto tem um problema, o mar é terrível, é mecânico, é químico e electroquímico, eu trabalhei em manutenção naval, foi um dos meus primeiros empregos, vocês não queiram saber o que é que o mar faz ao casco dos barcos, não é? Parte, corrói, etc. Eu penso que uma boa utilização da energia das ondas virá com novos materiais não ferrosos, materiais sintéticos, materiais como os que usam agora nas pás das eólicas ou nos aviões, portanto materiais cerâmicos, os materiais com fibras de carbono, portanto materiais que não têm os problemas de corrosão que têm os metais e que tenham muito maior capacidade elástica para absorver variações fortes como nas tempestades e de grandes embates, porque o grande problema é, como é que eu vou captar, há várias maneiras de captar a energia das ondas, há uns que captam na vertical porque se eu estiver no mesmo sítio, o sítio anda para baixo e para cima, há outros que captam na horizontal, o embate horizontal, portanto eu penso que sim, mas não é para hoje, é bom termos um bom centro como temos de energia das ondas, é bom termos investigadores, é bom termos um projecto-piloto mas não estamos a falar de produção comercial, estamos a falar de investigação, desenvolvimento, protótipos e projectos de futuro. Por exemplo o governo da Escócia (a Escócia é dos melhores sítios para energia das ondas), acabou de adjudicar esta semana 15 milhões de euros de subsídios à investigação a 3 projectos que seleccionou num concurso com 3 tecnologias diferentes, portanto nós fazemos coisas dessas. Quanto ao nuclear, não obrigado, eu quando era jovem andava lá com o Atomkraft, lá com o girassol, não cabe em Portugal. Primeiro lugar não precisamos, nós temos graças a Deus, electricidade completamente satisfeita, nós consumimos 50 terawats hora a previsão para 2020 é 65; 66 terawats de electricidade, as centrais renováveis e térmicas clássicas que temos e mais o parque que está em construção nomeadamente eólico e hídrico, mais do que satisfazem as necessidade energéticas de energia eléctrica do país. Vamos supor o programa do governo para carros eléctricos é à volta de 100 mil carros eléctricos em 2020, que seja meio milhão, não é, não é, não é, de certeza porque não há vendas, modelos, etc., mas não é, mas que fosse, eram mais 5% da electricidade, absorve completamente, não precisamos, ora se não precisamos não nos vamos meter nisso, depois, sendo agora mais concreto, eu tenho ali uma apresentação que fiz que o PSD de Lisboa organizou no Técnico Municipal de Oeiras, uma sessão pública estava aberta, umas 200 pessoas, foi um frente a frente entre mim e o Eng.º. Pedro Sampaio Nunes que é um distinto militante do CDS e que é um grande representante do nuclear em Portugal. Eu tenho aqui a apresentação posso-a deixar e foi pública e as pessoas ouviram, repare só o seguinte, você mete uma central nuclear de 600 mil megawats num ponto da rede, essa central tem que ser abastecida a montante por combustível, por isto, por aquilo, por aqueloutro, nós não temos nada dessa infra-estrutura, nada, nem os engenheiros temos, nem os engenheiros temos, formar só o corpo de fiscalização do Estado sobre o circuito energético demora no mínimo 10 anos, no mínimo 10 anos, portanto nós não temos nada, não temos enriquecimento de urânio, não temos nada, o nosso recorde de mexer com material radioactivo é uma catástrofe, estamos aqui ao pé de Nisa, vocês vão ver as minas, vão ver as minas, eram minas do Estado, andou-se a vender petróleo... urânio, até parece que para o Iraque se lá vendeu, não sei, ficaram as escórias, passaram 20 anos, a poluição radioactiva ainda ali está, só nos últimos 4 ou 5 anos é que se começou a fazer alguma coisa a sério para conter a contaminação das águas das ribeiras ali à volta e eram minas do Estado e a mineração é a coisa mais simples da cadeia, portanto nós não temos nada dessa infra-estrutura. Depois você tinha que criar essa infra-estrutura toda para fazer uma central, duas centrais não paga, portanto ía ficar dependente do estrangeiro na absorção de combustíveis nucleares, depois o lixo, o que é que se faz com ele? Não tem onde o meter. O problema do lixo radioactivo não está resolvido, não está resolvido em nenhuma parte do mundo, os americanos estão há 20 anos a tentar convencer lá os mórmons de Utah a meter o lixo radioactivo das centrais americanas numa montanha que não tem ninguém a viver nos próximos 300 Km, têm aquele deserto plano onde costumam fazer aqueles testes dos carros que andam a 500 Km por hora, portanto estão a 300 Km de distância e não conseguem porque lá os Senadores se opõem. Quando eu tirei o Técnico a minha pós-graduação foi energia nuclear, fiquei vacinado. 25 Anos depois, 30 anos depois ainda o problema dos resíduos continua na mesma, estão guardados os de baixa radioactividade, são processados em 2 ou 3 grandes centrais de tratamento, uma na Inglaterra, aliás que deixou um rasto de poluição no mar da Irlanda, outra no Norte de França e outra na Rússia, pronto. Os de alta radioactividade duram 50 mil anos, não sabem onde o meter, onde é que eles estão, nas caves das centrais dentro de bidons, portanto você vai às centrais espanholas, na cave de cada central espanhola, está o lixo radioactivo, que dura 50 mil anos, tentaram enfiá-lo na aldeia de Ávila ao pé do Mogadouro porque era o sítio mais afastado da Espanha, junto da fronteira portuguesa, não conseguiram e não há formações geológicas que duram isso. Finalmente para terminar, você tem uma central que custa 5 biliões de euros, 5 mil milhões, 1600 megawats, olha o projecto a óleo que estamos a fazer neste momento, são... são 1200 mais os outros 1600, está no único sítio e tem tolerância zero ao risco, ou seja qualquer acidente tem que parar, você quando tira uma central de 1600 da rede em segundos, você tem o efeito de choque e você tem que substituir aquela electricidade, o que significa que tem que ter em backup, em reserva uma parte considerável desta potência pronta naquele momento a entrar em funcionamento, você está ver o que estou a dizer, você passa a ter um ponto de produção gigantesco na rede nacional, equivalente a 20% da produção nacional num único ponto, esse ponto tem um problema e você tem que o tirar da rede e devido à tecnologia não dá para ir continuar e depois quando parar ali o carro, logo vou arranjar o problema, mas não, tem um problema pára, pára mesmo, se pára mesmo naquele segundo se não houver alguma coisa que entre naquele segundo vai abaixo, blackout, portanto você tem que ter em backup a funcionar em forno lento, centrais térmicas como aqui as de Abrantes para entrarem quando o nuclear sai da rede, portanto você duplica o investimento e depois finalmente eu pergunto-lhe uma coisa, quem é que paga o seguro disto tudo? Porque não sei se sabe o nuclear é a única actividade humana em que o operador não tem a responsabilidade civil, eu quando faço um parque eólico, a EDP quando faz uma central a gás ou a Endesa aqui em carvão, ela tem que pagar o seguro de todo e qualquer problema que surja, certo? Eu inclusivamente no parque eólica tenho seguro contra os actos de Deus, que é o que se tem na marinha o "?ofgod" que é um, olha o que tivemos este ano, ventos de 200 Km/hora, está acima de qualquer cobertura do fabricante ou de qualquer cobertura natural, ventos de 250 Km/hora é um ciclone, tivemos isto duas vezes este ano no alto da montanha. Portanto, um terramoto de grau 8, não há seguro possível para isto, nós temos seguro, o nuclear não tem seguro porque há uma Convenção de Viena e há o EURATOM porque senão não era financiável porque o tamanho do gasto, qual foi as consequências de Chernobil, são milhares de milhões de euros, não é possível segurar isto, porque as companhias de seguros iam à falência se tivessem que pagar o prémio, portanto o que é que os Estados fizeram? Fizeram uma convenção a dizer que se houver um acidente acima do nível muito pequeno, centenas de milhões de euros, ninguém é compensado, quem perdeu a vida perdeu, quem perdeu a produção agrícola perdeu, quem perdeu a produção industrial perdeu, quem perdeu o turismo perdeu, perdeu, não há mecanismo de compensação, você quer uma coisa destas em Portugal? Eu não quero!

 
Duarte Marques

Muito obrigado, Marta Gomes do grupo bege.

 

(palmas)

 
Marta Sampaio Gomes

Antes de mais, bom dia a todos, queria cumprimentar a mesa e em especial o Sr. Eng.º. Carlos Pimenta e agradecer a sua presença aqui a falar de temas que cada vez mais nos devem preocupar e que merecem a nossa atenção iminente. A pergunta do grupo bege é a seguinte, quais considera serem os efeitos para a região do Árctico em termos ambientais, devido à espécie de corrida ao ouro pelo enorme potencial energético nomeadamente em recursos petrolíferos e gás natural pelas quatro potências como a Dinamarca, a Noruega, os Estados Unidos e a Rússia? Obrigada.

 
Eng.Carlos Pimenta

E o Canadá! Muito... mais uma pergunta bem inteligente, todas elas, desde a primeira sobre a mobilidade até essas são perguntas muito pertinentes, é muito curioso, que não se conseguem resultados na Cimeira de Copenhaga, não se consegue implementar Quioto e como a colega acabou de dizer, as pessoas que negam ou não dão importância à mudança climática, andam numa corrida desesperada a apanhar as riquezas que só são possiveis por causa da mudança climática, o que mostra bem a hipocrisia dos poderes dominantes. O Putin mandou um submarino pôr uma bandeira da Rússia de metal no sítio do Polo Norte lá em baixo, um submarino atómico, não sei se sabem  e foi lá colocado por um robot para dizer que aquilo é dele, há um conflito diplomático que não havia há muito tempo entre os Estados Unidos e o Canadá sobre a delimitação das águas territoriais porque de repente com o degelo é possível furar para apanhar petróleo que lá está em baixo. A Gronelândia quer ser independente e cortar os laços, eu estive na Gronelândia há vários anos e já lá tinha estado antes, com os cientistas a tirar pedaços de gelo antes, há 2 anos fui com a família mostrar-lhes os glaciares antes que aquilo desapareça. São só 50 mil habitantes num território imenso porque de repente estão 3 Km de gelo em cima do chão, se aquilo começa a derreter por baixo, há petróleo, há ouro, há minérios e aqueles 50 mil pessoas já se estão a ver tipo xeques do Golfo, era... era... etc., agora, meus amigos pergunta é muito séria, não apenas pelo óbvio que o Árctico vai ser navegável, pelo menos no verão o que... olha, é como quando os portugueses arrebentaram com Veneza e com os Italianos, ao abrirem o caminho marítimo para a India e acabou as caravanas de..., imaginem, porque daqui para o Japão é muito mais rápido ir pelo Árctico do que dar a volta toda lá para baixo, por Singapura, é obvio cria novos caminhos, pelo menos durante uma parte do ano, esses caminhos vão existir, o círculo, a gente olha para a terra lá em cima é muito pequenino, e é muito pequenino e portanto é muito mais rápido ligar os continentes pelo Árctico e tirar o petróleo e tirar o carvão. O Árctico como a colega infere-se da comunicação dele, é a zona do mundo que está a mudar mais depressa por causa da mudança climática. Eu não queria acreditar com os meus olhos quando lá estive das duas vezes que lá fui, a temperatura da água do mar em alguns sítios está 6 graus mais quente em média do que estava no princípio do séc. XX, 6 graus, é muito mais do que qualquer outra parte, depois está a acontecer um fenómeno que é como está a derreter por baixo daqueles 3 Kms de gelo que estão em cima da Gronelândia, em vez de estar o gelo em cima da terra, do chão, porque a Gronelândia é uma ilha, o Árctico é mar mas, mas a Gronelândia é terra, os glaciares estão a deslizar, a deslizar como quem põe lubrificando um aquaplaning e desliza embora seja pesado. Um camião, um avião pode deslizar em cima de um fio de água e isto está a acontecer, na Gronelândia eu vi, poços com 2, 3 Km de profundidade de água doce a derreter e ir até lá abaixo, pôr-se por baixo dos glaciares e a velocidade média, e o mesmo se passa na Antárctida, a velocidade média do gelo que está em terra e que chega ao mar é muito maior, o mar está a subir, meus amigos, não se esqueçam por dois efeitos, um porque dilata que é mais quente as moléculas estão mais paradas e o outro pela quantidade de gelo ou de água doce derretida que lá chega. Portanto o que se está a passar no Árctico pode ter efeitos enormes, por exemplo um dos efeitos que pode ter é um bocadinho desagradável para nós, é o que aconteceu o que aconteceu há 11200 anos, foi quando a corrente do golfo de repente durante 800 anos não esteve cá, entre o ano 12000 A.C. e o ano 11200 A.C. houve um fenómeno que foi, havia o aquecimento estava-se a fazer, o mundo estava a sair da última glaciação há 20 mil anos, não é? Portanto o mundo começou o que é que aconteceu, o norte dos Estados Unidos e do Canadá estavam cobertos de gelo, aquele gelo começou a derreter os grandes lagos dos Estados Unidos onde está Chicago, etc., é o que resta disso mas havia como uma grande barragem de gelo ao longo da costa do Canadá e dos Estados Unidos, essa barragem rompeu de repente e a água doce toda que estava atrás e que cobria todas as províncias do Canada e dos Estados Unidos de repente chegou ao mar do Norte e isso mudou a temperatura e a salinidade e interrompeu a corrente do Golfo, o resultado foi que num mundo em aquecimento global, que era o mundo de há 12000 anos, porque estava o mundo a sair da época glaciar, de repente houve um arrefecimento na Europa, porquê? porque a corrente do golfo deixou de cá vir, essa água alterou as correntes, portanto a mudança climática é muito mais complexo, não quer dizer que seja tudo ao mesmo tempo como me perguntou muito bem, o Árctico por exemplo é um bom exemplo, está a aquecer muito mais depressa do que o resto do mundo, os efeitos podem ser efeitos imprevisíveis, nós agora só estamos a pensar que os gronelandeses, os canadianos, os russos vão ter todos acesso ao petróleo e ao que lá está e aos barcos, mas podem ter outros efeitos como por exemplo, como por exemplo a alteração da corrente do golfo, alteração da salinidade e da temperatura da água que nos banha aqui em Portugal, isto é muito mais sistémico, por isso é que eu disse há bocado, que nos agora com a mudança climática temos que pensar em... continuar... fazermos tudo para limitarmos as emissões, para que o problema não se agrave, mas temos que começar a pensar nas consequências e como mitigar, como nos defendermos, os Holandeses já estão a levantar os diques.

 
Duarte Marques
Obrigado, agora Alberto Couto do grupo amarelo.
 
Adalberto Couto

Bom dia a todos, Eng.º. Carlos Pimenta, muito obrigado por nos honrar com a sua presença e valorizando em muito a nossa formação. A questão da energia está no ponto de cruzamento de todos os vectores de um desenvolvimento sustentável, os Açores onde eu habito possuem características peculiares e excelentes para a produção de energia através de fontes renováveis, no entanto a fonte de energia utilizada continua a basear-se nos combustíveis fósseis e claro importado emitindo cerca de 373 mil toneladas de CO2 por ano, dos muitos apoios e até específicos até para os Açores com discriminação (? Imperceptível – 1:44:41) porque é que ainda dependemos 75% de combustíveis fósseis? Porque é que, com mais fontes de energias renováveis que começam a surgir nos Açores o preço pago pela electricidade nos Açores cada vez aumenta mais...

 
Eng.Carlos Pimenta

Olhe meu amigo eu... A pergunta é muito importante e inteligente, os Açores podia ser uma zona praticamente 100% renovável, podia ser, apesar de tudo é melhor que Portugal continental e a Madeira é melhor que Portugal continental também, porque no que diz respeito há electricidade, eu estive metido nisso há 25 anos fez-se algum progresso na geotermia e não foi fácil porque tinha muita corrosão sulfurosa a partir daquelas águas quentes que vinham. Agora há um mundo de coisas para fazer. Os Açores têm tudo de renováveis, tem vento, tem chuva a água, tem geotermia abundante quente de alta temperatura, não é só aquela baixa temperatura que eu falei há bocado para aquecer a 15 graus o fluido, não, os Açores pode fazer tudo, pode fazer ananázes dentro das estufas com a água quente que vem do chão, pode fazer microrredes inteligentes com aqueles smart grids em que armazenam a energia quando sopra o vento à noite e as pessoas estão a dormir não consome, no dia seguinte usam essa água para bombar para uma pequena lagoa que depois turbina, é pá! os Açores é o paraíso para um entusiasta. Quando foi privatizada a electricidade dos Açores, eu ainda animei um grupo, e eu, repare o meu interesse não era ser capitalista, estava lá na parte como engenheiro, a tentar ter um programa em que o nosso objectivo era apostar a sério nos Açores CO2 free, os Açores 100% renováveis, infelizmente houve outros interesses que prevaleceram e ficou outro grupo com aquilo e as políticas tem sido a meio gás, falando de energia, podiam ser 100% renováveis, tem sido um bocadinho de renováveis porque hoje em dia, enfim, também é estúupido não fazer nada porque há dinheiros de Bruxelas para as renováveis há dinheiros no FEDER, etc., portanto, faz-se aquilo que tem apoios e há bastantes coisas que tem apoios, não é? Mas... e por exemplo a biomassa nos Açores, o biogás, também das fermentações das matérias orgânicas, das vacas e daquilo tudo, não é ligar uma botija a cada vaca no rabo mas, (Risos), mas, mas efectivamente a fermentação do que sai da vaca também é uma matéria importante em fermentação anaeróbica em vez de electrolisar as lagoas que é um problema, falta de oxigénio nas lagoas, e depois o que sobra não se faz em biogás pode utilizar-se como estrume ou como composto da terra, portanto os Açores tem realmente tudo, tem a água, tem vento, tem a geotermia, tem a biomassa, tem ondas, quando amanhã como disse a colega há bocado, vier a tecnologia das ondas os Açores tem tudo, tudo para ser 100% como algumas ilhas da Noruega que são já hoje sem as mesmas condições dos Açores porque têm uns invernos terríveis de frio e precisam de níveis de energia para as pessoas viverem, os Açores não precisam porque felizmente têm um clima muito mais temperado. O Açores podiam ser um caso típico se o PSD for governo dos Açores outra vez, eu espero sinceramente que essa bandeira esteja no programa eleitoral porque o que é que pode trazer também riqueza, meter a Universidade a trabalhar, ajudar a criar empregos qualificados com tecnologias de ponta, aproveitar aos recursos que lá estão em vez de importar petróleo e queimar petróleo e estar à espera que o barco a traga para despejar o diesel.

 

 
Duarte Marques

Muito obrigado, Telmo Santos do grupo rosa.

 

(palmas)

 
Telmo Santos

Ora bom dia a todos, em nome do grupo rosa, gostaria de cumprimentar a mesa especialmente o convidado, por ter sido um dos pioneiros das energias sustentáveis na sociedade portuguesa, por ter uma genuína preocupação no ambiente e na sustentabilidade energética e essencialmente pelo seu entusiasmo tão inspirador que mostrou aqui esta manhã, agradecemos muito a sua presença. Dito isto, numa entrevista de 2004 dizia que e cito: " As energias alternativas são um desígnio nacional, mas o país continua a avançar a passo de caracol", hoje 6 anos volvidos continua com a mesma opinião ou os passos dados por Portugal nos últimos já nos colocaram próximos daquela que deve ser a velocidade cruzeiro nesta área?

 
Eng.Carlos Pimenta

Muito obrigado por... boa pergunta, portanto, geralmente quando cita declarações que uma pessoa faz 6 anos antes é para encravar... (risos) não, mas... (risos) não, mas olhe, a sua pergunta tem uma resposta directa, primeiro na electricidade avançou-se bastante, no vento não se avançou nas outras áreas. Falámos agora nos Açores, mas que se podia ter avançado mais, mas no vento avançou-se e o que se fez em Portugal no vento na década, não foi só desde de 2004, foi na década, é realmente notável passou-se de zero a 17% da electricidade do país que hoje vem do vento, é obra e em 2012, 2015 será mais de 20% da electricidade do país do vento, agora quando olho para as casa e não vejo painéis solares de água quente, eu aí tenho uma grande frustração, porque desculpem o vulgarismo, mas a tecnologia de água quente solar é como se diz na gíria de carregar pela boca, só precisam de um instalador que seja competente, não precisa de mais nada, o painel solar de água quente é uma tecnologia tão simples, tão simples, existe há é como eu disse, eu instalei o meu projecto em 78, está a ver aos anos que isto foi, só precisa de ser bem-posto, porque se não é bem-posto meus amigos, temos dois problemas, gastam dinheiro e tomam um duche frio e eu conheço gente que teve inundações no sótão, eu conheço gente com os painéis virados a Norte, mais asneira do que aquela vocês podem pensar (risos) numa tecnologia tão simples, mas é uma tecnologia simples e 40% da energia de uma casa é para calor de baixa temperatura, eu não é estar a fazer publicidade à minha casa, mas eu durante 8 meses do ano o gás que se usa lá em casa é só o bico do fogão, não é mais nenhum, portanto, na biomassa por exemplo, nas quintas, etc., nos aterros sanitários ainda está quase tudo por fazer, portanto, fez-se, avançou-se muito nas renováveis grandes para a produção de electricidade grande, não se avançou nas renováveis para o calor e para o frio e como eu digo, o calor e o frio é a mais do que a electricidade em termos de energia final, daí a importância, nós devíamos ter hoje 3 a 4 milhões de metros quadrados de painéis solares, estamos com... não sei, 300, 400 mil no máximo, por amor de Deus, é emprego, quando vocês tem a botija ligada a aquecer a água do duche, por exemplo lá em minha casa a máquina de lavar a roupa trabalha ao sol durante 8 meses por ano porque ela lava com água a 40 graus não é? Água, como o painel solar aquece o depósito de 500 litros e toda a água quente da casa está aquecida durante 8 meses só pelo sol e durante 4 meses o sol aquece parte, um dia de sol de inverno e tenho água no depósito a 40 graus, portanto o sol só levanta, o gás só levanta o resto, a máquina de lavar roupa funciona geralmente a 40 graus ou o duche a 36, é! Durante 8 meses do ano de borla! Portanto, o que é que estou a fazer em termos de economia nacional? Estou a impedir importações, não pondo CO2 na atmosfera e estou a substituir porquê? Por emprego, porque é o Sr. Magalhães que me lá vai meter o painel e reparar, portanto é o emprego dele, e estou a substituir porquê? Por tecnologia, porque ele está sempre com engenhocas a melhorar o sistema e a ganhar know-how que depois vai aplicar noutro sítio, portanto eu não estou a não pagar dinheiro à Argélia ou a quem me vendo o gás, não estou a meter CO2 na atmosfera e estou a substituir por um emprego e por tecnologia, portanto, sim! Fez-se muito e temos hoje uma equipa fantástica em muitas empresas, na produção de electricidade, dos equipamentos, do software, do hardware, de tudo na parte da grande produção de energia eléctrica a partir de renováveis nomeadamente o vento, está muito por fazer a nível do calor eu diria quase tudo e há muitas áreas específicas, biomassas, de biogases, de geotermia, de etc., por fazer, portanto, o copo está mais cheio, o copo está meio vazio, eu que sou optimista quero é dizer que, pronto que fizemos muito o que significa que podemos fazer mais.

 
Duarte Marques

Ricardo Rosa do grupo verde.

 

(palmas)

 
Ricardo Rosa

Antes de mais, muito bom dia a todos queria dar uma palavra de apreço e cumprimentar em especial o Eng. Carlos Pimenta e sendo dos últimos e com uma palestra tão explícita não é fácil fazer-lhe uma questão mas no entanto acho que o grupo verde tem aqui um ponto fulcral que achamos muito importante. Nos últimos anos cada vez mais há desastres todos os dias naturais, incêndios florestais, tornados, grandes secas, degelo, o que é que acha que pode haver para fazermos uma política internacional de modo que regularize um ambiente sustentável de cada país, acha o protocolo de Quioto suficiente?

 
Eng.Carlos Pimenta

- É pá, isso é uma pergunta excelente, mas que levava aqui uma conferência, o dia inteiro, porquê? Quando, eu estava no Ambiente, sim houve lá um problema que era... havia pouca legislação sobre poluição e então tinha lá um desgraçado que tinha uma fábrica têxtil em Vila do Conde e que me vinha lá bater à porta e a dizer que o vizinho de cima tinha outra fábrica de têxteis, mas eles eram inimigos e despejava-lhe o esgoto todo, quente, a ferver, azul, encarnado, conforme estivesse a tingir a roupa e que ele não tinha água para poder captar para poder fazer os seus têxteis. Pronto, e ele foi lá duas, três vezes, de repente deixou de ir, e eu até um dia me lembrei, perguntei há jurista, “ó Dra. Odete ele nunca mais cá apareceu, será que fechou a fábrica?” passou algum tempo mais e apareceu o vizinho, o que é que ele tinha feito, tinha comprado o terreno a montante e tinha feito uma tomada de água ao montante e uma largada de esgoto, de maneira que o vizinho tinha ele sido... (risos) porquê? Porque era poluição local. Esta história verdadeira de despejar água vai e quem está por baixo da água apanha, como era nas cidades antes de haver esgoto "água vai" e deitava-se os despejos da noite para a rua não é? No clima é diferente, porque o CO2 não tem efeito local, um carro em Lisboa, em Castelo de Vide, em Pequim ou no Rio de Janeiro, a tonelada de CO2 emitida tem o mesmo efeito sobre o planeta e depois entramos no problema da estatística, eu estou sim com 5 Kg a mais porque estou, quer-se dizer, comi um frango inteiro, o meu amigo só comeu a ponta da asa, vem o Teixeira dos Santos e diz estamos todos em austeridade, estamos todos em austeridade, todos nós temos que reduzir 25% está bem, e eu reduzo 25% do frango inteiro e o meu amigo reduz 25% da ponta da asa que estava a comer, e este é o problema do CO2, vimos aquele gráfico inicial do consumo de energia e um chinês embora a China em valor absoluto já seja o segundo país maior do mundo, um chines é uma fracção de emissão por habitante de um americano e além disso o americano esteve o último século todo a emitir para chegar ao estado do desenvolvimento em que está. Agora não podemos chegar a Quioto e dizer “estamos todos em austeridade, reduz-se tudo 10%”!  (risos) porque o reduz 10% de uma casa farta e com 100 anos de casa farta atrás e o outro reduz 10% de um consumo mínimo, vai a uma aldeia na India como eu conheço e diga, agora vamos todos reduzir 10% porque o planeta não aguenta. É claro, a parte daqui está o caldo entornado, aqueles que sofrem mais os efeitos, como as ilhas que vão ficar debaixo de água, as Maldivas e essas criam uma redução brutal das emissões no mundo inteiro, aqueles que estão hoje a emitir para o mundo inteiro ou que produzem os hidrocarbonetos, a última coisa que querem é ouvir falar é disso, portanto qual é a chave de repartição que permita que toda a gente reduza mas que uns reduzam muito mais do que outros e isto só é possível fazendo uma coisa, pondo um preço verdadeiramente real, sobre a externalidade de CO2 e metano CH4, fala-se pouco do metano e o metano tem 22 vezes o efeito como de mudança climática, como uma molécula de metano CH4 do que uma molécula de CO2, atenção! E o degelo da Sibéria está lá a libertar toneladas de metano para a atmosfera, mais as produções agro-pecuárias, etc. Portanto, eu tenho que por um preço aí, e ao pôr um preço as empresas e os países que atiram CO2 para a atmosfera vão para não pagar esse preço acelerar a mutação tecnológica, mudar estas lâmpadas, construir melhor as casas, mudar a maneira de fazer cimento, de fazer tijolos, de fazer químicos, de produzir electricidade, está a perceber não está? Portanto, eu não perdi a esperança, não tenho a certeza que o México que é agora a próxima conferência no final do ano, consiga chegar a essa solução, mas é uma equação extremamente difícil, porque pela primeira vez eu estou a negociar à escala mundial, uma governance do planeta, porque o efeito do desgraçado do indiano que aquece a chaleira com bosta de vaca seca a queimar, o efeito desse CO2 é o mesmo de uma limusine, de um Hummer, que produz, que gasta 22 litros aos 100 e engarrafado em Los Angeles e eu não posso dizer ao tipo do Hummer em LA e ao Indiano na aldeia do Punjab que vamos todos cortar 10%, portanto eu tenho que resolver o problema do Indiano, tenho que resolver o problema do Hummer, tenho que acelerar a mudança tecnológica e eu para isso tenho que arranjar um tempo de transição e uma economia do carbono que faça com que quem emite mais tenha um incentivo para mudar mais depressa e aí também em Portugal, como fizemos nas eólicas, há um caminho de…, temos imensa gente que está com soluções em muitos sectores que são vendáveis lá fora, que são exportáveis.

 

(palmas)

 
Duarte Marques

Muito obrigado, Ricardo Baptista.

 
Ricardo Batista

Bom dia a todos, Eng.º Carlos Pimenta, no final do ano transacto sugeriu que uma redução de 30% de emissão de gases em Portugal até 2010 seria insuficiente para uma mudança radical, dizendo que isto não vai lá com paninhos quentes, em Abril vincula na imprensa uma notícia que dava conta de uma descida de emissão de gases mas ainda insuficiente para atingir o limite acordado no protocolo de Quioto, objectivo apenas concretizável no final de 2012. Acha que a alteração do IVA relativamente ao gasto da electrificação de 5% para um valor superior, descendo em contrapartida o valor pago para utilização de uma caldeira de gás natural ou para o isolamento da casa, actualmente 12 e 21%, respectivamente iria atrair os portugueses para o investimento para a instalação destes meios de obtenção de energia fazendo o país em altura de crise invertendo a situação actual tornando-se mais ecológico e atingindo mais rapidamente o valor limite acordado no protocolo de Quioto? Obrigado.

 
Eng.Carlos Pimenta
Está a tocar num ponto muito concreto e bom de tocar, acho que sim que é uma das muitas medidas, a outra é efectivamente tornar de facto obrigatória a instalação de energias renováveis em todas as casa, nuns sítios painéis solares, noutros biomassa. Por exemplo, eu estive metido em 86 num programa que instalou 5 mil mini-caldeiras a biomassa com pellets em 5 mil salas de aula, de escolas que não tinham dinheiro para ter aquecimento, na Guarda, Bragança, Viseu, Vila Real, em 1986/88, de 86 a 90 num programa VALOREN. Foram 5 mil salas de aula em mini-caldeiras, mais do que poupar o CO2 foi assegurar o aquecimento. Quem tinha dinheiro lá tinha o aquecimento a botija de gás ou um radiador eléctrico, quem não tinha nos dias mais frios passava um frio ou não davam aulas… Medidas desse tipo, mudança do IVA, normas técnicas, no fundo, vocês são políticos, quais são os instrumentos de política que o Estado tem? Tem muitos, o imposto como me falou, a fiscalidade e eu há bocado falei no IVA para a electricidade, etc., o meu amigo falo só do específico e falou bem. Normas técnicas, eu digo o carro a nível europeu, não pode ter da mesma maneira que obriga a ter airbags e cintos de segurança e uma resistência para segurança, tem que ter também performances para não ser o mesmo motor, vocês já viram o seguinte, isto é realmente uma cereja, os carros de motor de combustão normal durante o séc. XX, cada vez guia-se mais depressa dos 0 aos 100, mas o consumo não diminuía, já pensaram isso, o que quer dizer que os construtores e a publicidade que faziam para os consumidores era que carregavam no acelerador e que iam dos 0 aos 100 em meia dúzia de segundos, mas o consumo condicionava tudo com dois dígitos, de litros aos 100, então imagina-se, hoje que estamos a falar com 20 anos em cima de conversa sobre a mudança climática ainda eu vos digo que o motor de combustão que vem desde do tempo do Henry Ford, apesar de todas as mudanças que houve, ainda tem pelo menos 30 a 40% de progresso de aumento de eficiência para o mesmo rendimento, para o mesmo combustível, ou seja, não é só o caminho do híbrido ou do carro eléctrico ou do carro a hidrogénio, o velho motor de combustão que está nos nossos carros, não está no limite da termodinâmica. Com as tecnologias de hoje, com os materiais de hoje ainda tem pelo menos um caminho de 30% de melhor eficiência na utilização do combustível ou seja, mais Km por cada litro de gasolina ou de gasóleo, pronto! Portanto medidas dessas são positivas mas tem que ser acompanhas das outras medidas todas, normas técnicas, informação, formação, políticas de urbanismo, está a ver? Para que isso tenha realmente efeito, medidas só como uma campanha para o povo por painéis solares, se isso não for acompanhado da certificação dos instaladores, da formação dos instaladores, da divulgação junto dos arquitectos, empreiteiros, etc., essa medida por si pode não dar nada, até pode dar, painéis virados a Norte, ou tubos mal isolados e gente com o sótão inundado, portanto quando se faz uma medida de política para obter um objectivo eu tenho de pensá-lo um bocadinho mais largo, não posso só pensar eu vou dar isto e as pessoas vão a correr atrás disso, portanto é, sim é preciso medidas como essa mas acompanhadas de todo um leque de medidas de política nas várias políticas.
 
Duarte Marques
Muito obrigado, Inês Moreira do grupo azul.
 
Inês Moreira

Muito bom dia a todos, antes de mais gostaria de agradecer a presença e a exposição do Sr. Eng.º. Carlos Pimenta, a pergunta do grupo azul é a seguinte, a preservação na biodiversidade é um dos alicerces da política ambiental, pergunto de que forma os países do mundo pensam implementar esta política a longo prazo, tendo em conta que existem cerca de 30 mil milhões de espécies no planeta e as estimativas apontam para a perda de 25% nas duas primeiras décadas do séc. XXI?

 
Eng.Carlos Pimenta

Ora, mais uma pergunta arrasadora em termos da importância e do tempo que levaria a responder, eu durante 10 anos tive a alegria e a tristeza de estar com um programa que o Parlamento Europeu, obrigou a União Europeia a ter e que hoje é razoavelmente grande que era a preservação da biodiversidade nos países em vias de desenvolvimento e nas florestas tropicais. Depois havia outros para outras zonas do mundo, mas havia específico para as florestas tropicais e digo-lhe talvez tenha sido a sensação da grande alegria que tive no meio da selva Amazónica com os Índios e com comunidades de lá, e valorizar os produtos da selva de uma forma não destrutiva, mas ano após ano ver superfícies equivalentes a Portugal, que no ano anterior eram floresta e que depois tinham sido totalmente queimadas para produção de gado, ou produção de soja, ou de produção de óleo de palma na Indonésia, e ver as pessoas que lá estavam e que viviam, e que viviam dos produtos da floresta, a viverem em shantie towns, em bairros de lata, em favelas nas periferias do Pará, da Rondónia que está completamente destruída, o Acre que está completamente destruído, etc., a Mata Atlântica no Brasil que em 1945 no fim da guerra vinha desde lá de cima, acima de Salvador até abaixo de São Paulo e que hoje sobra menos 3% do que havia em 1945 e que é um ecossistema tão rico quase como a Amazónia e que desapareceu completamente dos 3 grandes ecossistemas do Brasil, a Mata Atlântica, a Amazónia e o Pantanal, a mata atlântica já se foi, a Amazónia, a Amazónia legal tem uma superfície de 5 milhões de Km quadrados. Quando eu comecei em Bruxelas nesta guerra da biodiversidade tinha 3 milhões de Km quadrados, agora não chega a dois. Portanto, a biodiversidade e a convenção internacional da biodiversidade e todas as outras convenções anexas, como a convenção de Washington, do tráfego dos produtos animais a SITAS que se controla no aeroporto, olha ainda ontem vinha na televisão que apanharam um bebé tigre dentro de uma mala de um tipo que o ía levar para o Irão, para o Irão, foi apanhado em Singapura ou algures, é muito complicado, é muito complicado, é uma guerra que vale a pena ter. O professor James Lovelock que é o director da Smithsonian, disse-me uma vez (e era uma das maiores autoridade do mundo), o que a gente está a fazer é como queimar as bibliotecas sem ao menos guardar o índice dos livros que lá estavam, como a biblioteca de Alexandria quando ardeu, nem se sabe o que lá estava, e na altura em que nós fazemos a vida e a vida é feita a partir de genes, nós estamos a deitar fora por extinção os genes que moraram centenas de milhões de anos a evoluir. Há vida multicelular na terra desde há 600 milhões de anos e unicelular de há biliões de anos e nós estamos a queimar, portanto é uma guerra que vale a pena ter.

 
Duarte Marques

Muito obrigado, Luís Dias do grupo castanho.

 
Luís Dias

- Antes de colocar a minha questão, gostaria de cumprimentar a mesa, o Eng.º. Carlos Pimenta em particular pela sua presença e pela importante e elucidativa palestra que nos proporcionou, é importante ouvir aquele que foi o primeiro governante a colocar a temática ambiental no centro de debate político, como homem competente, arrojado e corajoso, mas também considerarem como, permita-me, o espírito mais e a imagem da JSD, a minha pergunta é, visto que não há consenso científico quanto às causas das alterações climáticas e o relatório do IPCC é tão contestado, fará sentido aos contribuintes que paguem por um conceito potencialmente contestável? Obrigado.

 
Eng.Carlos Pimenta

Meu amigo, deixe-me dizer-lhe uma coisa, há consenso científico sobre as mudanças climáticas, a minha avó nunca acreditou que o homem tivesse chegado há lua, sempre julgou que aquilo era uma fotomontagem dos americanos, quer-se dizer “yo no creo   brujas, pero que las hay, hay”, eu posso falar com a deformação profissional de quem anda há 20 anos nisto e está intoxicado por centenas de congressos, colóquios. Agora, vamos lá a ver, uma coisa é dizer qual é a velocidade da mudança, quais são os efeitos, quais são os efeitos da mudança, há bocado sobre a pergunta do Árctico falamos na interrupção da corrente do golfo, que cá parece que não tinha nada a ver estar gelo a derreter no Árctico, agora, é assim, nos últimos 2 milhões de anos a concentração de gases que mudam, que retém, o efeito da mudança climática é fácil de perceber. Sem efeito de estufa não havia vida na terra, isso é a primeira, a energia vem do sol, só há duas fontes de energia aqui, a que vem do sol e a que vem da terra, geotérmica, pronto e nos Açores há vida nas grandes fendas submarinas que vivem com a energia que vem lá de baixo, pronto, mas a maioria da vida na terra é proveniente da transformação dos processos químicos e depois a evolução a partir da energia que vem do sol, a energia chega, bate nas rochas, bate no mar, é absorvida, esses corpos aquecem e reemitem a energia para o espaço, com um comprimento de onda diferente, porque a temperatura do sol é muito alta e portanto a energia vem com um determinado comprimento de onde correspondente há temperatura desses gases. Quando aquece uma rocha a 30 graus e a rocha reemite para o sol obviamente que o comprimento de onda é diferente, se não há cobertor como não há em Marte a totalidade dessa onda que é reemitida da rocha vai para o espaço, não fica lá nada e o planeta obviamente quando não está a receber do sol, tem um espaço negro, zero absoluto reemite tudo para o espaço, está frio. Se tem um cobertor muito espesso como tem Vénus, a energia que é reemitida da superfície de Vénus para a atmosfera, como tem uma camada de nuvens e de gases muito espessa, ela não sai para fora, volta para dentro para as estufa e o planeta é uma sauna. A terra está no equilíbrio óptimo, uma parte é reemitida para o espaço porque passa as nuvens, passa a atmosfera e escapa-se portanto o planeta não fica a ferver, mas outra volta para baixo, aquece a atmosfera faz o ciclo da água, da chuva, volta para baixo, permite as condições óptimas que a gente viu. Ao longo dos quatro mil milhões de anos de vida da terra quatro mil milhões e meio, este cobertor já aumentou e já diminuiu muitas vezes, por via das emissões vulcânicas, por via de esteróides que bateram na terra e lançaram nuvens de poeiras à volta da terra, como KraKatoa, explodiu, houve uma camada de poeira e de gases que envolveu a terra e isso teve um efeito de fazer sombra e diminuir a temperatura, e a radiação solar incidente, etc... etc... etc., Agora se o meu amigo for ver a composição das bolhas de ar que estão presas no gelo na Gronelândia como eu fui, ou que estão presas nas lamas por baixo dos lagos do Canadá, tem a composição da atmosfera ao longo dos últimos pelo menos dois milhões de anos com toda a certeza, sabe quanto é que havia de oxigénio, CO2 de... todos os gases, e mais tem os isótopos de cada gás, porque conforme a temperatura média do ar o oxigénio tem uma condução de isótopos diferentes, ok? Portanto hoje nós somos capazes de fazer o gráfico, e isto não é ciência para o futuro, isto é análise do passado como ele é, da composição da atmosfera, da temperatura, média da atmosfera e há uma coisa que eu vos posso dizer que é lógico, quando a temperatura do planeta foi mais quente o cobertor era maior, quando a temperatura do planeta era mais fria, o cobertor era menor, ou seja as concentrações de gases era maior. O cobertor foi mais fino nos períodos glaciares e o mais fino que foi em termos de concentração de CO2 foi 190 partes por milhão, ou seja num milhão de pontos de ar, 190 partes eram CO2, num milhão de pontos, é pouco, quando o planeta foi mais quente, nos últimos dois milhões de anos, realmente mais quente, o cobertor tinha uma concentração de 290 partes, quando o Sr. James Watson inventou a máquina a vapor no meio do séc. XIX em Inglaterra, e se começou a utilizar carvão à bruta, a concentração de gás andava pelos 280, 285, hoje está perto dos 400, ou seja em 150 anos a emissão de gases para a atmosfera provocada pela queima de combustíveis fósseis fez alterar a mais para cima a concentração de gases que retém a energia na atmosfera, do que a diferença do período glaciar mais frio e o período mais quente durante os últimos 2 milhões de anos, agora que “yo no creo brujas, pero que las hay, hay”, portanto se eu aumentei em 150 anos mais a espessura a concentração de gases que retém a radiação que vem da terra e que volta para baixo do que a diferença entre o período mais quente e mais frio da terra ao longo dos últimos milhões de anos, é obvio que o efeito é este que a gente está a ver, o Árctico 6 graus mais quente, o gelo a derreter em todo o lado da Antárctida, o Quilimanjaro, as neves do Quilimanjaro do Hemingway vão lá, já não há neves nenhumas, os glaciares a recuarem na Suíça, no Chile, por tudo quanto é sítio e agora vão dizer que não foi esta concentração, aí, eu posso dizer que foi o eixo da terra que inclinou, mexeu um cagagésimo de grau, que não tem qualquer efeito nenhum sobre a mudança climática, foi umas manchas solares, também tem efeito, claro que tem efeito, mas o grande efeito, o grande efeito é 150 pontos acima. De 280 estamos em 400 e ao ritmo actual das emissões, ao ritmo actual das emissões em 2025, 2030 estamos acima de 50,0 que é o dobro do máximo do período mais quente dos últimos 2 milhões de anos, portanto nós estamos a caminho da sauna, o que não quer dizer que não haja zonas que possam estar com gelo por mudanças correntes climáticas, portanto agora digam o que quiserem. Uma das maiores guerras que tive na minha vida política foi sobre uma palavra, antropogénico, sobre isso passei 3 anos a guerrilhar, sobre a palavra antropogénico que era saber no protocolo de Quioto se se dizia que a mudança climática em curso tinha efeito antropogénico, tinha uma razão, uma causa antropogénica ou seja provocada pelo homem ou não, e os negacionistas chefiados pela empresa de petróleo Exxon conseguiram nessa altura que a palavra não ficasse no protocolo, agora já lá está, portanto as pessoas digam o que quiserem e cada um é assim, se eu tomar uma atitude egoísta e digo ao meu filho “que se lixe”, desculpem a expressão eu vivo sossegado porque em dias da minha vida não deve acontecer nada de muito grave, um bocadinho mais de calor, uns verões mais quentes, uns incêndios, umas tempestades, mas deve dar para viver, agora se eu pensar como cidadão responsável que tem que ter solidariedade intergeracional e que tem que deixar alguma coisa para quem cá está a seguir que possa ser minimamente sustentável, eu não posso mesmo que diga não tenho 100% razão, não tenho 100% certeza, pode haver aqui ponderáveis, pode haver o desconhecido mas há uma alta probabilidade de que a queima de combustíveis fósseis esteja a provocar uma concentração de gases na atmosfera que levam a um aumento da temperatura e a fixar a energia dentro do planeta, se eu tenho essa dúvida, se eu tenho essa probabilidade como o Prémio Nobel como Krugman disse num brilhante artigo no New York Times este verão, “se eu tenho a dúvida que pode haver uma probabilidade grande de eu estar a provocar uma catástrofe internacional por via da alteração climática, eu tenho o dever moral da agir, mesmo que não tenha os 100% de certeza”, tenho o dever moral de agir e como homem político há 20 anos que a minha vida é isto e estou convencido que é das guerras mais importantes que uma pessoa pode ter, porque isto lida com tudo, lida com a saúde, mudança, doenças de zonas climáticas, a malária a subir, o dengue a subir, dengue, madeira, malária aqui, muda como com as zonas, as pessoas perdem o habitat. Dois terços da humanidade vive com os pés dentro de água à beira-mar, vai haver como é óbvio enormes mudanças na costa, no litoral, portanto eu não posso dizer não quero saber, tenho a minha casa está a 70 metros de quota, isso deve dar para o meu filho.

 

(palmas)

 

 
Duarte Marques
E a última pergunta vai ser o Bruno Silva do grupo encarnado.
 
Bruno da Silva

Bom dia, bom dia do grupo encarnado pelo Exmo. Sr. Eng.º. Carlos Pimenta, um especial bom dia da parte do nosso boneco cujo nome artístico é Engenheiro, vamos tentar provar que guardamos sempre o melhor para o fim (risos) Desejamos saudar os vários militantes do PSD que hoje não estão presentes excepto o Eng.º. Carlos Pimenta que actuam em várias empresas portuguesa, que estão hoje em Portugal a desenvolver centrais solares e eólicas ou as ondas, como por exemplo em Figueira da Foz, sede Boa viagem, onde se está a desenvolver uma central eólica de 6 megawats como referiu bem na sua palestra, ou também e para referir aqui um exemplo de um grupo de colegas em Porto Santo umas centrais de 2 megawats, que uma ilha 100% a custo das renováveis para impedir a importação de combustível fóssil, mais exemplos com o Caniçal também em Madeira, o mesma 6 megawats a maior central fotovoltaica no mundo em meio urbano no mercado abastecedor da região de Lisboa. Sim, a maior central fotovoltaica do mundo em meio urbano é um produto português, um orgulho nacional, tem uma tecnologia portuguesa, os meus parabéns aos vários responsáveis económicos e políticos destas acções. Sobre a pergunta, o meu grupo encarnado, quase me dá vontade de fazer em língua Francesa...

 
Eng.Carlos Pimenta
Pode fazê-la… vivi 12 anos onde o Carlos mora agora...
 
Bruno da Silva

- É que não iria incomodar o Sr. Eng.º. mas vamos deixar a língua de mulher e concentrarmo-nos na língua de Pessoa… pessoas que como o Sr. Eng.º. vivia num mundo estratégico e desenvolvendo do país na contribuição da electricidade, uma pessoa exemplo na adaptação das tendências e oportunidade de negócio. Sendo director do centro de estudo para a economia da energia e transporte em ambiente acha que o conceito escolhido para a introdução do carro eléctrico em Portugal tem potencial para ajudar o nosso ambiente e a economia do país? Por outro lado como vê a subsidiação das tarifas de produção de energia renováveis, que ainda não saíram, provocando assim pressões no consumidor final e assim no custo da vida dos portugueses? Muito obrigado.

 

(palmas)

 
Eng.Carlos Pimenta

Sobre o carro há bocado já, duas boas perguntas, para terminarmos muito obrigado e muito obrigado pelas palavras... Sobre o carro como eu digo, eu acho que é positivo todo este movimento que há à volta do carro e da fábrica das baterias da Nissan, passo a publicidade, que o meu carro nem é Nissan é... eu fui eleito por Setúbal ,de maneira que tenho andado muito de Ford/Volkswagen feito lá em Palmela, não é? Mas se andar até um gráfico que tem muitas barras, muitas barras, muitas barras. E portanto eu isso acho positivo agora... Alto, já passou, é este, ok, obrigado! Sobre, agora, vamos lá a ver, se eu tivesse no governo, eu tinha uma preocupação muito importante sobre a mudança, é que os sistemas sejam abertos e não sejam proprietários, não é, opensource, opensource, por exemplo, eu acho que é uma pena que os contadores inteligentes que vão ser colocados nas casas não utilizem uma coisa fantástica em Portugal que é 1 milhão de casas ligadas por cabo, nós temos 1 milhão de casas ligadas por cabo e só temos umas dezenas milhares de pessoas que utilizam a potencialidade do cabo e agora estamos a meter contadores inteligentes que não utilizam a possibilidade do cabo mas vão apenas receber e transmitir informações através da rede eléctrica, que tem muito menor capacidade de débito do que o cabo que pode ir até 1 Gb como sabem que já esta aí a oferecer nalguns sítios 1Gb, 200 Mb tenho eu em casa, imaginem o que é um contador eléctrico inteligente que tivesse uma ficha à internet e onde você com o seu grupo de software me oferecesse um programa qualquer lá em casa por exemplo de vigilância, ou de climatização, ou de desligar os electrodomésticos com determinadas horas do dia por exemplo a noite para não esta aquilo com luzinhas encarnadas acesas, etc. Portanto, permitir criatividade e outros tipos de actividade económicas, portanto no carro eléctrico, nos pontos de carregamento, nos subsídios ou nos incentivos que se dão, para mim é muito importante e é fantástico que se instalem contadores inteligentes, mas que não façamos uma coisa proprietária que pertence ao distribuidor de electricidade e que utilize a sua rede, façamos um sistema aberto e que permita a si, a si e a si pensar “espere aí! um contador inteligente também pode medir a água, também pode medir as telecomunicações, pode ajudar a distribuição de filmes ou de outros serviços ou jogos” ou o que seja, estão a perceber o que quero dizer, os carros eléctricos é a mesma coisa, ou vou substituir a rede de postos de abastecimento de gasóleo e de gasolina, mas o que é que o carro eléctrico tem um efeito muito importante é que é uma bateria sobre rodas, vai permitir-lhe a si, se isto for um sistema aberto, ora se isto for um sistema aberto eu junto-me com estes dois amigos e sem ter nenhuma central de produção eléctrica, vou comprar e vender electricidade, porque vou comprar no mercado quando ela está excedentária às duas da manhã, faço um contrato com quem quiser juntar-se para me guardarem essa electricidade e depois a seguir às cinco da tarde você tem o compromisso de ter o carro ligado há ficha para eu poder ir lá buscar uma parte. Eu fui dar umas conferências à Universidade de Santa Barbara na Califórnia ao pé de LA que é um complexo gigantesco de milhares de pessoas e eles fazem isso, tem os edifícios, as cantinas, os laboratórios, os dormitórios dos estudantes, etc. Como a electricidade lá muda de preço hora a hora porque conforme a pressão sobre o consumo a distribuidora tem que lançar mais centrais a produzir e as centrais de ponta são muito mais caras até porque estão a funcionar poucas horas por ano e portanto por natureza são mais caras, o que é que a Universidade faz? A Universidade fez um contrato com umas pessoas que desenvolveram o software e umas coisa, e então eles cortam as pontas, chamado o Pick shaving ou seja, quando a electricidade é mais cara porque ela muda de preço toda a hora eles não consomem, mas então fica a Universidade às escuras? Os alunos deixam de ter aulas? Os frigoríficos? Não, por exemplo, tudo o que sejam cargas térmicas aguenta de ligar e desligar, eu tenho um congelador, eu não preciso de ter o congelador 24 horas por dia desligado, a hora em que a electricidade é mais cara eu posso desligar os congeladores, eu tenho um ar condicionado, ele não tem que estar sempre a funcionar, eu posso deixar essa temperatura subir a 24 graus e quando este chega aos 24 ligo este e desligo o da sala ao lado e quando estou a falar de pavilhões e disso isso conta, em vez de estar tudo ligado ao mesmo tempo, está ver o que eu estou a dizer? Portanto isto é gerido por software, não há ninguém a correr de sala em sala a ligar o ar condicionado, a desligar os frigoríficos, a tirar a tomada, não, é tudo automático, rádio sinal, frequências, software, produtos, serviços inovadores feitos por novas equipas e novas empresas, está a ver? Eu, pronto isto sobre... portanto para dizer, sobre os carros eléctricos, sobre os contadores inteligentes e sobre todas estas novas vectores de mudança o que é importante é que os sistemas sejam abertos e que se o PSD tiver uma política sobre isso deve para que sejam quando eu falei libertar as energias das pessoas é estas coisas concretas porque se eu vou meter um contador ou um carro eléctrico com sistema de carga que pertence a uma empresa, pode ser o distribuidor, pode ser quem está instalada no mercado e só eu é que tenho acesso há caixa e eu para entrar nessa caixa tenho de pedir licença a ele, eu estou a manter o monopólio, estou a manter a ineficiência, estou a manter um sistema de reprodução deste marasmo, se eu quiser libertar essas energias eu tenho que ter... isto é muito importante, isto é política, isto é política, e não julguem que se o PSD for para o poder que não vai ter as mesmas pressões de quem está instalado no mercado para manter o sistema como está, quando houve a revolução das telecomunicações a PT estava lá sentada fosse o governo do PSD fosse o governo do PS de quem quer que fosse, eles não queriam que os outros entrassem e resistiram tudo para que os outros entrassem, porque está no código genético das empresas, eu não tenho que levar a mal, é natural que eles defendam a sua posição, é a função deles, o estado e a política é que tem que dizer não, as telecomunicações são mais importantes do que o valor accionista de uma empresa, e o mesmo na energia nos carros. Olhem, isto é os custos do sistema eléctrico português, são números da ERSE, estão no site da ERSE. Há uma coisa muito curiosa que se vê aqui, as centrais a gás por exemplo esta aqui, e a carvão, por exemplo esta aqui de Abrantes tem um contracto com o estado que lhe garante um preço para estar disponível e esse contracto vai até 2027. O sub-custo das renováveis, da pré que está aqui algures, sobre o custo da pré é este, está aqui, está aqui, vai decrescendo e em 2024 não há mais, que é que isto quer dizer meus amigos? Eu termino com esta porque é uma coisa muito importante, as renováveis tem um efeito que nunca se fala mas que é fundamental para um país e para Portugal e é uma sorte, para Portugal ter isto como tem a Dinamarca, como tem os países que apostaram a sério nisto na parte de electricidade. Os custos das renováveis são todos feitos à cabeça eu gasto o dinheiro todo antes de produzir o primeiro Quilowatt, antes ter lá um moinho, é como o painel solar, antes de vocês tomarem o primeiro duche já gastaram o dinheiro todo, portanto isto tudo tem que ser bem feito, porque se não é o tal duche frio, porque se não isto produz mal, pôr uma eólica num sítio onde não há vento gastei o dinheiro, não tenho electricidade, pronto, o que é que isto significa? Significa que tenho um período de amortização, se fizer o projecto bem feito, que tem x anos, isto é o parque todo português e não é apenas eleólico estou a falar solar, estou a falar de biogás, estou a falar de tudo, PPRM, abrange tudo, passado esse período de amortização, o custo de produção da energia a partir de uma fonte renovável não muda mesmo que o euro desvalorize face ao dólar, mesmo que haja uma guerra do Golfo porquê? Porque o vento não aumenta de preço, o sol não aumenta de preço, a geotermia não aumenta de preço, nós com esta estrutura que estamos a montar em Portugal, daqui a 10 anos, 12 anos vamos ter 60% da electricidade, que pode haver uma nova guerra no golfo e o preço é a amortização do equipamento, não tem combustível e não há CO2, portanto é verdade que durante estes anos temos aqui o sub-custo da PRE como temos o sub-custo da região autónoma dos Açores e da Madeira, como temos o sub-custo dos municípios, como temos o sub-custo que é este verde da térmica, do gás e do carvão que tem um contracto para estarem paradas à ordem da REN, as térmicas estão paradas à ordem da REN e estão a receber, por exemplo, esta de Abrantes esteve parada até Junho e recebeu o dinheiro, porque estava à ordem da REN e esse contracto deles das térmicas acaba em 2027, e eu em 2024 já não tenho nenhum custo das renováveis, mas em 2027 a térmica acaba o contracto de garantia do governo, mas quando produzir electricidade tem que pagar o carvão, tem que pagar o gás ao preço dessa altura, enquanto que em 2024 o sol, o vento e a água o que produzir é o custo da amortização do equipamento que é quase nada, portanto nós vamos ter um parque que a 10 anos está muito mais competitivo do que a maior parte dos países da UE, como a Dinamarca tem, que tem já neste momento 50% da electricidade vindo de fontes renováveis.

 

(palmas)

 

 
Dep.Carlos Coelho

Muito obrigado. Quero...em nome de nós todos agradecemos ao Eng.º. Carlos Pimenta a brilhante aula que nos proporcionou, o Dr. Carlos Carreiras, o Dr. Duarte Marques e eu próprio vamos acompanhar o nosso convidado para ter a certeza que ele sai rapidamente destas instalações e peço à equipa dos avaliadores para vir para aqui prosseguir os nossos trabalhos e eu regresso dentro de alguns minutos para alguns avisos, até já...

 

 

 

 

10.00 - Avaliação da UNIV 2010
12.00 - Sessão de Encerramento da UNIV
13.00 - Almoço com participantes de anteriores UNIVs