ACTAS  
 
8/30/2010
Jantar de Boas Vindas
 
Dep.Carlos Coelho

Sr. Presidente do Instituto Francisco Sá Carneiro, Sr. Secretário-Geral do Partido Social Democrata, Srs. Deputados Pedro Rodrigues, José Matos Rosa, Cristóvão Crespo e António Leitão Amaro, Srs. Presidentes de Câmara, saúdo a presença na sala de dois dos nossos oradores, o Dr. Miguel Monjardino e o Dr. Rodrigo Moita de Deus, Sr. Director adjunto Duarte Marques, Srs. conselheiros, Srs. avaliadores, minhas senhores e meus senhores, este é o jantar da Universidade de Verão que eu mais gosto, porque é o único em que o protocolo da Universidade de Verão me dá a oportunidade de fazer um brinde. Nos próximos cinco jantares vão ser vocês a fazerem os brindes, a saudar as personalidades convidadas. Mas este é o jantar, em que eu tenho o privilégio de fazer um brinde, e não é um brinde qualquer, é um brinde ao Presidente da Câmara Municipal de Castelo de Vide, da bonita terra que acolhe todos os anos a Universidade de Verão. E é um brinde que me dá especial prazer, não apenas por uma exigência democrática para na presença e na pessoa do Dr. António Ribeiro, eleito democraticamente pelos cidadãos de Castelo de Vide, prestar a homenagem à terra que nos acolhe, mas porque o nosso convidado especial desta noite, é um grande homem. Eu sei que ele fica muito embaraçado, uma vez até me pediu para não dizer mais nada sobre ele, mas a verdade é que não é por dever de hospitalidade, é porque nós na vida precisamos de bons exemplos, e o do Dr. António Ribeiro é seguramente um bom exemplo em quatro patamares: Primeiro no patamar da participação cívica, o Dr. António Ribeiro para quem ainda não leu a sua biografia, não é um homem do PSD, é um cidadão independente, é um homem que gosta desta terra, é um homem desta terra, que quando o PSD o desafiou para um combate eleitoral, porque a Câmara era socialista, não hesitou. Nós não vemos muitas vezes independentes com força, vontade e disponibilidade para estes combates, e muitas vezes vemos independentes a fazê-lo numa mecânica anti partidos, não foi o caso do Dr. António Ribeiro que aceitou o nosso convite e prestou-se a um combate difícil mas que ganhou. Em segundo lugar, ele é um bom exemplo pela competência, ele herdou uma Câmara falida, sem capacidade financeira para fazer obra, conseguiu recuperar as finanças da Câmara municipal, e pô-la em condições de responder aos desafios do seu eleitorado. Em terceiro lugar ele é um homem sério, falei-vos há pouco lá em baixo na ética, é importante que na política não haja confusões entre os bolsos privados e os recursos públicos. O Dr. António Ribeiro, é um homem cuja seriedade está acima de toda a suspeita, finalmente é um homem com uma grande ligação aos seus concidadãos, não é um homem que se envaideça, que tenha sido eleito e agora tenha dito “eu agora sou Presidente, tratam-me por Sua Excelência”, é um homem que manteve uma grande ligação com os sues eleitores que sistematicamente de eleição em eleição, reforçaram a maioria que lhe deram na primeira eleição. Portanto, não é apenas uma razão que se quiserem partidária, nós estarmos a festejar o sucesso do Alentejo laranja, é para cumprimentar o autarca, mas para cumprimentar o exemplo. Se quero nesta Universidade de Verão, com uma preocupação pedagógica, dar-vos um bom exemplo de serviço aos outros, de competência, seriedade, de integridade, de vontade, é seguramente o nosso convidado especial desta noite, e por isso, eu tenho o privilégio de pedir que ergam a vossa taça para brindarmos à saúde, à prosperidade e à felicidade do nosso convidado, o Presidente da Câmara Municipal de Castelo de Vide, o Dr. António Ribeiro.

(Palmas)

 
Dr.António Manuel Ribeiro

Excelentíssimo Sr. Director da Universidade de Verão 2010, caro Carlos Coelho, excelentíssimo Sr. Presidente da Juventude Social-democrata Deputado Pedro Rodrigues, excelentíssimo Sr. Secretário-Geral do Partido Social Democrata Dr. Miguel Relvas, excelentíssimo Sr. Presidente do Instituto Francisco Sá Carneiro Dr. Carlos Carreiras, Srs. Deputados e amigos Matos Rosa e Cristóvão Crespo, excelentíssimos participantes, minhas Sras. e meus Srs., uma vez mais Castelo de Vide é palco de uma Universidade de Verão do PSD e uma vez mais Castelo de Vide expressa o seu reconhecido agradecimento ao Instituto Sá Carneiro e ao Partido Social Democrata pela preferência por esta terra que vos dá as boas vindas e formula votos de que tenham uma agradável estada e uma inesquecível experiência. Para além dos agradecimentos institucionais, permitam-me que agradeça o empenhamento, o entusiasmo e a competência do grande reitor desta Universidade de Verão, o Dr. Carlos Coelho que decorridos que estão 8 edições desta iniciativa protagoniza com ela uma positiva mudança de atitude e de estilo de ensinar, de fazer, de falar política, esta plataforma de encontro de novas gerações que aqui ano após ano reforçam as suas competências e desenvolvem as suas capacidades de uma lógica de participação activa e mobilizadora, só pode ter como resultado o reforço das capacidades de olhar, pensar e agir, com vista a um futuro melhor, mais atento e participado. Na verdade não podia deixar de estar mais de acordo com o Dr. Francisco Jaime Quesado ao defender que esta Universidade de Verão é chave da diferença por permitir às novas gerações nelas obter assim grandes lições, uma lição de inovação social, outra lição de competividade e por fim uma lição das cidades inteligentes, uma lição de cultura portuguesa e finalmente uma lição de identidade cívica. Permitam-me acrescentar que esta Universidade de Verão para além de todos esses méritos, o conteúdo programático que o curso encerra constitui uma outra grande lição, a lição do exemplo, de facto esta Universidade de Verão é também um excelente exemplo de potenciar o interior cujo défice de oportunidade e de promoção tem asfixiado cada vez mais o nosso território periférico, enquanto a insensibilidade e ignorância dos altos governantes do país que se refugiam na ignóbil e ridícula ideia de que o interior de país está cada vez mais (imperceptível) e coesão do território bem como para o reforço das dinâmicas e dos recursos que o interior do país possui. Este sinal de diferença, ainda que temporalmente confirmado a uma semana não deixa de ser elucidativo exemplo particularmente relevante no momento em que o país governado pelo PS está prestes a iniciar o nono ano lectivo com centenas de escolas fechadas, o PSD reabre hoje aqui mais um curso da Universidade de Verão, obrigado e bons trabalhos.

 

(palmas)   

 
Dep.Carlos Coelho

A partir de amanhã, todos os jantares da Universidade de Verão vão ser iniciados com um momento cultural protagonizado por vós, é uma das coisas que também vamos sortear hoje às 24:00. Cada um dos vossos grupos vai ter a responsabilidade de escolher um poema e de o declamar no início de cada um dos jantares. Este jantar é diferente e portanto cabe-nos a nós a responsabilidade de escolher e de o fazer. Não sei qual é a sensibilidade que cada um de vocês tem relativamente à guerra. Eu acho que a guerra é um desperdício de recursos. A guerra é uma crueldade, significa morte, significa aniquilação, e a guerra quando é feita dentro de um território, uma guerra civil, é sempre mais reprovável. Vamos ter projectada na tela uma imagem, uma pintura de Goya sobre os fuzilamentos em Espanha e esta tela inspirou um grande poema, uma prosa poética de um dos maiores autores da língua portuguesa já falecido, Jorge de Sena. Jorge de Sena tem um texto que vocês têm convosco chamado “Carta a meu filhos sobre os fuzilamentos de Goya”. É um texto notável porque é um texto em que um pai escreve aos filhos sobre o valor da vida. Pareceu-nos adequado iniciar esta Universidade de Verão com um texto que se centra nisto, qual é o projecto de vida que nós temos? Qual é a ideia que nós queremos que seja a ideia fundadora e a ideia balizadora do nosso projecto de vida? Quem vai declamar é um dos membros da organização que foi ex-aluno da Universidade de Verão portanto um colega vosso jovem ainda, o António Ribeiro Matos a quem agradeço a disponibilidade para ter colaborado com a organização da Universidade de Verão e com este momento em especial e é com este momento que encerramos este jantar. A seguir a isso, os grupos vão reunir e vão reunir da seguinte forma: há seis grupos que vão reunir nesta sala e há quatro grupos que vão reunir na sala de baixo, os quatro grupos que se vão reunir na sala de baixo são os grupos cujos conselheiros são o Nuno Matias e o Jorge Varela, ou seja, os grupos verde e vermelho, bege e azul, esses grupos vão reunir dentro de 10 minutos na sala lá em baixo, os outros seis ficam aqui nesta sala que vai ser organizada de forma a poder haver aqui seis espaços de trabalho e deixando-vos com “Carta a meus filhos sobre os fuzilamentos de Goya”, pedia uma salva de palmas para o António Ribeiro Matos.

 

(palmas)

 
António Ribeiro de Matos

Não sei, meus filhos, que mundo será o vosso.

É possível, porque tudo é possível, que ele seja

aquele que eu desejo para vós. Um simples mundo,

onde tudo tenha apenas a dificuldade que advém

de nada haver que não seja simples e natural.

Um mundo em que tudo seja permitido,

conforme o vosso gosto, o vosso anseio, o vosso prazer,

o vosso respeito pelos outros, o respeito dos outros por vós.

E é possível que não seja isto, nem seja sequer isto

o que vos interesse para viver. Tudo é possível,

ainda quando lutemos, como devemos lutar,

por quanto nos pareça a liberdade e a justiça,

ou mais que qualquer delas uma fiel

dedicação à honra de estar vivo.

Um dia sabereis que mais que a humanidade

não tem conta o número dos que pensaram assim,

amaram o seu semelhante no que ele tinha de único,

de insólito, de livre, de diferente,

e foram sacrificados, torturados, espancados,

e entregues hipocritamente à secular justiça,

para que os liquidasse “com suma piedade e sem efusão de sangue.”

Por serem fiéis a um deus, a um pensamento,

a uma pátria, uma esperança, ou muito apenas

á fome irrespondível que lhes roía as entranhas,

foram estripados, esfolados, queimados, gaseados,

e os seus corpos amontoados tão anonimamente quanto haviam vivido,

ou suas cinzas dispersas para que delas não restasse memória.

Às vezes, por serem de uma raça, outras

por serem de uma classe, expiaram todos

os erros que não tinham cometido ou não tinham consciência

de haver cometido. Mas também aconteceu

e acontece que não foram mortos.

Houve sempre infinitas maneiras de prevalecer,

aniquilando mansamente, delicadamente,

por ínvios caminhos quais se diz que são ínvios os de Deus.

Estes fuzilamentos, este heroísmo, este horror,

foi uma coisa, entre mil, acontecida em Espanha

há mais de um século e que por violenta e injusta

ofendeu o coração de um pintor chamado Goya,

que tinha um coração muito grande, cheio de fúria

e de amor. Mas isto nada é, meus filhos.

Apenas um episódio, um episódio breve,

nesta cadeia de que sois um elo (ou não sereis)

de ferro e de suor e sangue e algum sémen

a caminho do mundo que vos sonho.

Acreditai que nenhum mundo, que nada nem ninguém

vale mais que uma vida ou a alegria de tê-la.

É isto o que mais importa – essa alegria.

Acreditai que a dignidade em que hão-de falar-vos tanto

não é senão essa alegria que vem

de estar-se vivo e sabendo que nenhuma vez

alguém está menos vivo ou sofre ou morre

para que um só de vós resista um pouco mais

á morte que é de todos e virá.

Que tudo isto sabereis serenamente,

sem culpas a ninguém, sem terror, sem ambição,

e sobretudo sem desapego ou indiferença,

ardentemente espero. Tanto sangue,

tanta dor, tanta angústia, um dia

– mesmo que o tédio de um mundo feliz vos persiga –

não hão-de ser em vão. Confesso que

muitas vezes, pensando no horror de tantos séculos

de opressão e crueldade, hesito por momentos

e uma amargura me submerge inconsolável.

Serão ou não em vão? Mas, mesmo que o não sejam,

quem ressuscita esses milhões, quem restitui

não só a vida, mas tudo o que lhes foi tirado?

Nenhum Juízo Final, meus filhos, pode dar-lhes

aquele instante que não viveram, aquele objecto

que não fruíram, aquele gesto

de amor, que fariam “amanhã”.

E, por isso, o mesmo mundo que criemos

nos cumpre tê-lo com cuidado, como coisa

que não é nossa, que nos é cedida

para a guardarmos respeitosamente

em memória do sangue que nos corre nas veias,

da nossa carne que foi outra, do amor que

outros não amaram porque lho roubaram.

 

(palmas)

 

 

 

 

10.00 - Avaliação da UNIV 2010
12.00 - Sessão de Encerramento da UNIV
13.00 - Almoço com participantes de anteriores UNIVs